Temos de congelar salários
Banco Central do BrasilCorreio Braziliense/Nacional - Política
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo GuedesClique aqui para abrir a imagemAutor: » VERA BATISTA
A Frente Parlamentar Mista da Reforma
Administrativa, no Congresso, foi lançada em 8 de
setembro, com apoio do presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), e do ministro da Economia, Paulo
Guedes. Apesar disso, o presidente do colegiado,
deputado Tiago Mitraud (Novo/MG), não poupa críticas
ao Executivo. Para ele, o governo cometeu um grande
erro estratégico ao não incluir no texto da reforma (PEC
32/2020) outros membros de poderes, como
magistrados, procuradores, defensores, parlamentares
e até os militares.
Mitraud diz que "não está contra os servidores", mas,
afirma que o funcionalismo federal, com salários muito
superiores aos da iniciativa privada, não deve receber
reajuste anual até que seus ganhos mensais "se
aproximem da realidade brasileira".
O Executivo não incluiu na PEC várias carreiras,
justamente as que têm os maiores salários. Transferiu a
responsabilidade para o Legislativo?
Acho que o governo errou, sim. Tinha condições de
incluir essas classes. É isso que a população quer.
Creio que o Ministério da Economia gostaria que
todos os servidores participassem das mudanças. Mas
o presidente Jair Bolsonaro acabou não concordando.
Lamento que o presidente tenha defendido privilégios.
Isso, no entanto, poderá ser corrigido. Já existem vários
projetos tramitando com esse objetivo, além da
disposição de alguns parlamentares de não deixar
ninguém de fora.O senhor é defensor de um nxugamento radical dos
gastos do Estado, mas acredita ser possível contrariar o
governo e os interesses corporativos, a exemplo de
pautas históricas que defendem reajuste anual de
salários?As alterações propostas na administração não são para
agradar nem ao governo nem aos servidores. O foco
são os cidadãos. Na verdade, a PEC 32/2020 não tem
como objetivo principal os salários, por enquanto. O
assunto, porém, não está descartado. O funcionalismo
federal tem remunerações muito superiores às da
iniciativa privada, conforme várias pesquisas de
instituições nacionais e internacionais. E não deve
receber reajuste anual, pelo menos até que seus
ganhos mensais se aproximem da realidade brasileira.Há muita reclamação, justamente, porque as correções
não são automáticas.A gente valoriza e reconhece os bons servidores, mas
temos de nos adequar. Ninguém fala, por exemplo, de
aumento anual para parlamentar. Por quê? Porque o
salário é acima da média. O mesmo acontece com
várias carreiras. Não é possível que um juiz ganhe R$
300 mil por mês, mesmo que retroativo e eventual. Isso
acontece, normalmente, porque ele vende parte das
férias de 60 dias, acumula folgas e ainda tem o recesso.
Também não achou justificativa para férias de 45 dias
dos professores.