Clipping Banco Central (2020-10-19)

(Antfer) #1
Digitalização de empresas na pandemia acelera substituição de mão de
obra

Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 2 - Febraban

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Autor: Renée Pereira


Depois de dois anos trabalhando na área comercial de
uma metalúrgica, Valkíria Rocha foi alvo dos efeitos da
digitalização no mercado de trabalho e acabou
substituída por um programa de computador. Todo o
trabalho de prospecção e captação de clientes, que ela
demorava um mês para fazer, o sistema concluía em
duas horas. "Fica difícil concorrer quando o seu colega
de trabalho é uma máquina. Isso amedronta muito",
afirma a profissional, explicando que inicialmente o
sistema iria apenas auxiliá-la nas tarefas.


Com a pandemia do novo coronavírus e a necessidade
de redução de custos, no entanto, o software passou a
fazer todo o trabalho de Valkíria, e ela teve de se
adaptar a outra área. Passou por logística e
administração até deixar a companhia em julho. "Em
muitos casos, a tecnologia potencializa o trabalho
humano. Nesse caso, substituiu, o que causou uma
grande frustração e uma sensação de não ser mais
funcional."


A tendência é que histórias como a de Valkíria se
alastrem pelo Brasil com a expansão da transformação
digital nas empresas, que avançou a passos largos
durante a pandemia, segundo especialistas. Nesse
curto espaço de tempo, a sociedade presenciou uma
mudança radical no seu dia a dia, numa velocidade
nunca vista antes. As empresas tiveram de se
reinventar para continuarem de pé e, nesse processo,
um dos efeitos colaterais foi a redução de pessoal.

Muitas dessas vagas cortadas durante o isolamento
social correm o risco de desaparecer. Da mesma forma,
outras funções começam a surgir no mercado, exigindo
novas qualificações dos profissionais. Antes da
pandemia, a previsão era que, até 2030, cerca de 14%
dos trabalhadores globais teriam de trocar de ocupação
por causa da automação, segundo um estudo da
consultoria Mckinsey. Isso significa cerca de 16 milhões
de postos de trabalho no Brasil. Com o coronavírus e o
avanço da digitalização, esse prazo deve ser encurtado.

Nesse processo, funções como operador de
telemarketing, caixas, recepcionistas, balconistas,
analistas de crédito e atividades rotineiras de escritórios
estão na berlinda. Quanto mais baixa a qualificação,
maior será a possibilidade de mecanização e
digitalização. "O espaço para essas áreas será cada vez
menor e menos valorizado no mercado", diz Lucas
Nogueira, diretor da Robert Half.

Alguns setores começaram a viver essa realidade antes
mesmo da pandemia. Nos escritórios de advocacia e
contabilidade, ocupações mais maçantes e repetitivas
aos poucos estão sendo digitalizadas, eliminando
alguns postos de trabalho. A mesma transformação vem
ocorrendo no setor bancário, que perdeu em 2019
quase 10 mil postos de trabalho. A inteligência artificial
já consegue contratar seguros e empréstimos sem a
necessidade de um profissional, diz Ivone Silva,
presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo,
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