Clipping Banco Central (2020-10-19)

(Antfer) #1

A Academia agora é em casa?


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Ronaldo Lemos


Durante o período de isolamento social teve gente
debatendo o quanto as mudanças de hábito nesse
período se tornarão permanentes. Um desses novos
hábitos é fazer exercício em casa. Muitos aplicativos
que oferecem serviços de "personal trainer" pelo celular
tiveram no distanciamento o momento perfeito para
consolidar o hábito de treinar em casa. Os números
mostram isso. Durante o primeiro semestre de 2020 os
downloads de aplicativos de exercícios e fitness
cresceram 46% globalmente. Só na índia cresceram
157%, com 58 milhões de novos usuários nesse
período. O tempo gasto nas sessões de treino também
aumentou 18% do primeiro para o segundo trimestre do
ano.


Nos EUA a tendência é ainda mais forte. De acordo com
pesquisa feita pela OnePoll, durante a quarentena 74%
dos norte-americanos utilizaram ao menos um aplicativo
de fitness. Para 41% das pessoas, essa foi a primeira
vez que fizeram isso. O dado mais dramático é que 56%
se sentiram tão satisfeitos com a experiência de treinar
em casa que planejam cancelar sua matrícula na


academia. As razões para essa mudança são várias.
Além de poupar dinheiro, treinar em casa poupa
também tempo, reduzindo deslocamentos e permitindo
horários infinitamente flexíveis. Além disso há questões
sociais. 65% dos homens e 55% das mulheres dizem
que frequentemente se sentem intimidados com o treino
em uma academia tradicional.

A quarentena também trouxe uma onda zen. Por
exemplo, 34% das pessoas nos EUA fizeram uma
prática de meditação pela primeira vez neste ano e29%
tiveram sua primeira experiência com Yoga. Isso não
significa que pesos e equipamentos de treino saíram de
cena. Houve uma explosão de compra de itens como
colchões de yoga, fitas elásticas para treino de
resistência e pesos livres. 21% dos norte-americanos
compraram uma bicicleta ergométrica e 21%
compraram uma esteira ou um equipamento elíptico.

Essas mudanças trazem algumas lições. A primeira
delas é nunca subestimar o quanto 0 avanço da
inteligência artificial (AI) pode transformar até mesmo
mercados insuspeitos. Antes da pandemia, muita gente
podia olhar para as academias e coçar a cabeça se
perguntando como algum dia uma tecnologia como AI
poderia ser disruptiva para um negócio tão "físico". A
chegada de aplicativos que criam sessões de treino
personalizadas e infinitas usando AI balançou essa
segurança. A necessidade de treinar em casa por
razões de saúde pública foi mais um tijolo nesse muro.

Há também questões culturais. Intuitivamente a
pandemia faz com que as pessoas busquem maior
independência e autonomia. Nesse sentido, exercícios
que permitem treinar com o peso do próprio corpo
(calistenia), sem depender de equipamentos, deixou de
ser atividade de nicho para se tornar algo desejável.
Essas mudanças também abriram novas formas de
interação social Muita gente passou a reunir os amigos
ou colegas de trabalho para sessões coletivas e virtuais
de yoga por meio do Zoom, além de outras atividades
físicas coletivas online. Se essas mudanças de hábito
serão definitivas 0 tempo dirá. O fato é que as academia
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