Clipping Banco Central (2020-10-19)

(Antfer) #1

A antipolítica matou a renovação política?


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
segunda-feira, 19 de outubro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Celso Rocha de Barros


Será bom se o número de partidos cair, mas não é
irrelevante saber quais sobreviverão


Na coluna passada, argumentei que o fortalecimento do
centrão pode estar se dando em um momento decisivo
para a democracia brasileira: a provável redução do
número de partidos causada pela proibição de
coligações em eleições proporcionais.


Os partidos fisiológicos podem estar mais fortes
justamente no momento em que a sobrevivência de
cada legenda deve depender mais de seu tamanho
atual Matéria de João Pedro Pitombo e Guilherme
Garcia publicada na Folha de sexta-feira mostrou que o
risco disso acontecer é real Segundo a análise de
Pitombo e Garcia, as migrações de vereadores eleitos
em 2016 para outros partidos em 2020 mostram que os
candidatos já estão fazendo escolhas na nova estrutura
de incentivos. Isto é, escolheram candidatar-se por
partidos maiores, com perspectivas melhores de
sobreviverem à cláusula de barreira e conquistar fatias
maiores do financiamento eleitoral.


Era exatamente isso que os cientistas políticos
esperavam que acontecesse. As coligações partidárias
em eleições proporcionais sempre foram vistas como
uma das causas do grande número de partidos
existente no Brasil. Partidos pequenos podiam se
aproveitar da votação dos partidos maiores para eleger
deputados.

As consequências disso podem ter sido importantes:
imaginem oque teriam sido os governos do PSDB e do
PT se suas bancadas fossem maiores e a necessidade
de cooptar aliados fisiológicos fosse menor.

A reforma da legislação aprovada pelo Congresso foi
portanto, inequivocamente, uma boa ideia.

Mas ela pode ter menos efeitos positivos, ou pode
demorar mais do que se esperava para gerar efeitos
positivos, porque as outras ideias que venceram na
política brasileira nos últimos cinco anos foram todas
muito ruins.

Nos últimos anos, a onda antipolítica causou grandes
perdas para os partidos mais consistentes -que aceitam
passar longos períodos na oposição, sem acesso ã
máquina pública- como o PT e o PSDB. Eles chegam
nesse início de processo de consolidação fracos.

Nos dados da matéria da Folha, vê-se que o PT se
manteve estável desde 2016, mas 2016 foi sua pior
eleição em muitos anos. o PSDB perdeu 11% de seus
vereadores desde as últimas eleições. A única exceção
entre os grandes partidos é o DEM, que cresceu 52%,
um número muito expressivo.

Mas alguns dos partidos que mais receberam novos
candidatos a vereador/oram, segundo a reportagem, os
partidos de centro-direita que sempre venderam seu
apoio a qualquer governo.

O PP cresceu 30%, o PSD de Kassab também cresceu,
o MDB permaneceu estável mesmo depois do
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