Clipping Banco Central (2020-10-22)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Política
quinta-feira, 22 de outubro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Paulo Guedes

agiu com violência e autoritarismo, contrariou a ciência
e trouxe uma discussão que não deveria existir. Vacina
não pode ser objeto de visão ideológica ou partidária.


Ele disse que a vacina não tem eficácia comprovada.
Isso é verdade?Não é verdade, ou não estaria na
terceira fase de testes. É considerada uma das vacinas
mais promissoras do mundo. Aqui no Brasil, são cerca
de 13 mil voluntários concluindo essa última etapa, com
acompanhamento diário da Anvisa. Agora, eu pergunto:
e a cloroquina? Quem recomendou a cloroquina? Foram
médicos, os cientistas? E o presidente recomenda a
cloroquina. Aliás, ofereceu para a ema do Palácio da
Alvorada. Nem a ema quis aceitar. Então, que
colocação é essa, de que não está comprovada a
eficácia? A vacina está caminhando para a aprovação.


Há receio de que a Anvisa demore para autorizar a
produção das vacinas. Essa é uma questão que tem
sido politizada?Saímos bastante satisfeitos e confiantes
dessa reunião com a Anvisa. O bom sentimento é de
que a Anvisa cumprirá seu papel como agência
reguladora independente. O presidente Antonio Barra
disse: 'Aqui, nós não nos submetemos à política, a
decisões pessoais, ideológicas, partidárias ou eleitorais.
Aqui, nós nos submetemos à ciência'. Colocou isso de
forma muito clara. Então, não temos razão para duvidar
de que a Anvisa cumprirá seu papel.


O senhor chegou a anunciar que a vacina começaria a
ser aplicada em 15 de dezembro deste ano, mas depois
voltou atrás. Qual é a nova data?A Anvisa disse que
fará todas as análises no melhor e no menor tempo, de
maneira que reflete claramente o interesse de agilizar
os procedimentos, dada a circunstância de que estamos
numa pandemia. A cada dia sem a vacina, cerca de 700
brasileiros perdem a vida. São três aviões grandes
lotados de pessoas caindo todos os dias e matando os
seus ocupantes. Tínhamos a previsão para o mês de
dezembro. É ainda uma previsão otimista, mas eu diria,
com muita convicção, que a partir de janeiro é bem
possível que ela esteja aprovada e submetida aos
protocolos da Anvisa para que ela possa ser aplicada e
imunizar.


Mas podemos, efetivamente, ter esperança de uma
vacina para o primeiro semestre de
2021?Concretamente, sim. Os estudos nesta terceira
fase estão bem avançados. Felizmente, não tivemos
nenhuma intercorrência grave com a aplicação da
vacina nos voluntários. São todos médicos e
enfermeiros. E são 13 mil. É o maior número de
pessoas em testagem das quatro vacinas que estão
sendo testadas aqui no Brasil. São sete estados
brasileiros, todos acompanhados por academia, ou é
universidade federal, ou é universidade estadual de São
Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, aqui no
Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Portanto, estamos avançando bastante bem.

Bolsonaro comentou, hoje (ontem), que o senhor
politizou o assunto ao dizer que a vacina seria uma das
primeiras a serem aplicadas na população.Não é
verdade. O Butantan, embora seja em São Paulo, é do
Brasil. A totalidade das vacinas do H1N1 foi produzida
pelo Butantan. O que difere o Butantan da vacina contra
a gripe do Butantan da vacina contra a covid? É o
mesmo. E tem 120 anos. Eu não nasci há 120 anos,
não criei o Butantan, não sou dono. É uma instituição
científica de renome internacional, maior produtora de
vacinas do Brasil e da América Latina. Quem politizou o
assunto foi o presidente, e colocou ideologia contra os
chineses. Eu lamento que ele continue nessa
beligerância. É uma prática cotidiana de brigar, ofender,
machucar.

Sobre a eleição à prefeitura de São Paulo, Bolsonaro já
tem como candidato Celso Russomano, e você, Bruno
Covas. A briga será entre Doria e Bolsonaro ou os
candidatos estarão em primeiro plano?Mais uma vez, o
presidente Jair Bolsonaro politizou algo que não
deveria. Não acho que o presidente da República
deveria se envolver em eleição municipal. Fernando
Henrique Cardoso, por exemplo, foi presidente duas
vezes e nunca se envolveu em eleição municipal ou
pediu votos. Bolsonaro adotou o Celso Russomano
como seu candidato, dizendo que era o candidato dele
contra o Doria, esquecendo que quem concorre contra
ele é o Bruno Covas, não eu. Então, o presidente
nacionalizou uma campanha.
Free download pdf