Aero Magazine - Edição 317 (2020-10)

(Antfer) #1
10 | MAGAZINE^317

CURIOSIDADES


MISSÕES SECRETAS E


EMPRESAS FAN TA SM A S


POR |EDMUNDO UBIRATAN


N


as últimas décadas, a aviação
comercial regular se tornou uma
das atividades de maior visibilidade
da indústria aeronáutica. A popularização
deu ao transporte aéreo de passageiros um
aspecto ordinário e prosaico, reforçado por
produções de cinema, televisão e publicida-

de. O que muitos passageiros dificilmente
imaginam é que algumas pacatas empresas
aéreas já estiveram envolvidas em ações
bastante obscuras e arriscadas a serviço de
governos,ouatémesmoemmissões
ultrassecretas. Reunimos algumas
das mais emblemáticas.

Yeallow Cake
URÂNIO A BORDO

Conferência aliada
VOOS ULTRASSECRETOS
Em janeiro de 1943, tropas britânicas e norte-americanas
lutavamcontraosalemãesnonortedaÁfrica.Foi
quando o presidente Roosevelt embarcou secretamente
rumo a Casablanca, no Marrocos, para um encontro
comWinstonChurchilleogeneral francês Charles de
Gaulle – a primeira das grandes conferências de líderes
aliados que iriam definir os rumos da Segunda Guerra
Mundial. Nenhum presidente norte-americano havia

saído dos Estados Unidos durante uma
guerra, ou se deslocado para o exterior
em um avião, ou visitado o continente
africano.Rooseveltfeztudodeumavez,viajando
“clandestinamente” no Boeing 314 “Dixie Clipper” da
PanAm.Nocaminho,aindaseencontroutambémem
sigilo com o presidente brasileiro Getúlio Vargas, na
Base Aérea de Natal.

No auge da Segunda Guerra Mundial,
ogovernodosEstadosUnidospassou
a trabalhar secretamente no projeto
Manhattan, que levou à construção da
primeira bomba atômica. Na época,
conheciam-se no mundo apenas
quatro reservas de urânio, a principal
matéria-prima para construção do
artefato explosivo: uma no estado
norte-americano do Colorado, a
segundanoCanadá,aterceirana
então Tchecoslováquia (ocupada
pelaAlemanhanazista)eaquartano
Gabão. No país africano, na época
parte do Congo Belga, estava o mineral
mais concentrado, além da reserva de
mais fácil exploração. Com a Bélgica

também ocupada pelos alemães, a
situaçãodoCongoerainstáveleo
entrave era transportar toneladas de
urânio em segredo. Como o uso de
aeronaves militares ou navios seria
uma medida arriscada, o governo
norte-americano solicitou apoio
àPanAmericanAirways.Ofato
deaempresavoarporquasetodo
o globo não levantaria suspeitas,
pensaram os estrategistas. Além
disso, os aviadores eram experientes,
dando segurança à operação. Assim,
quase 75% do urânio utilizado na Little
Boy, a bomba jogada sobre Hiroshima,
foi transportado em hidroaviões
Clipper da Pan Am.

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