Aero Magazine - Edição 317 (2020-10)

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MAGAZINE 317 | (^31)
Os estudos do V-Jet II chamaram a
atenção do norte-americano Vern
Raburn – um executivo que havia
feito carreira de sucesso em empresas
do setor de informática, como a Mi-
crosoft e a Symantec – e o levaram a
fundar, já em 1998, a Eclipse Aviation.
O objetivo era conseguir recursos
para viabilizar industrialmente as
ideias de Burt Rutan (o ex-patrão Bill
Gates acabou se tornando um dos
investidores), consolidadas em um
novo avião, inicialmente denomina-
do Eclipse Concept Jet, ou ECJ. Um
pequeno jato de negócios para piloto
e cinco passageiros, capaz de rivalizar
em desempenho com modelos maio-
res (como a família Citation Jet), mas
custando uma fração do preço e com
custo operacional bem mais baixo.
A expectativa da Eclipse era ven-
der por cerca de um milhão de dólares
(na época, cerca do dobro do valor
cobrado por um bom avião bimotor a
pistão), um jato compacto, confortável
e veloz, que fosse capaz de operar em
pequenos aeródromos e certificado
para single pilot. Renomeado EA500, o
modelo tinha peso máximo de deco-
lagem de dez mil libras (4.540 quilos)
e deu origem à nova categoria Ve r y
Light Jet. Isso obrigou as autoridades de
aviação, especialmente a FAA norte-
-americana, a correr contra o tempo
para montar um conjunto de regras e
parâmetros que viabilizassem a certifi-
cação dessa nova classe de aeronaves.
Os engenheiros da Eclipse optaram
por métodos construtivos mais realis-
tas do que os usados no V-Jet II, como
a estrutura metálica em lugar de mate-
riais compostos. Além do menor custo,
o metal não exigia um novo processo
de produção, que poderia criar mais
obstáculos na certificação. Para manter
o peso estrutural na faixa planejada, os
projetistas desenvolveram um processo
de soldagem por fricção, unindo as
seções por solda, em vez de rebites.
O processo permitiu obter um me-
lhor resultado aerodinâmico, além de
redução no peso mas gerou um novo
desafio: aplicar uma proteção contra
corrosão nas partes soldadas, já que
o eventual acúmulo de umidade nas
junções dificilmente seria notado pelos
usuários e daria margem a diagnósti-
cos tardios de corrosão. A tecnologia
anticorrosão criada pela Eclipse se
revelou eficiente e inovadora.
ECLIPSE EA500
LEOPARD
Nessa mesma época, nasceu o
projeto Leopard, da Chichester-
-Miles Consultants, empresa que,
nos dias de hoje, seria conside-
rada uma “startup”. O pequeno
fabricante britânico projetou um
avião com um design futurista
(considerando os padrões da
década de 1980) para um piloto e
três passageiros. O peso máximo
era da ordem de oito mil libras
(3.628 quilos) e a motorização
ficava a cargo de dois pequenos
reatores Williams FJX-1 de 700
libras-força cada.
Por uma década, a CMC
tentou viabilizar o projeto,
participando até do Farnborough
International Airshow em 1996.
Os regulamentos restritivos
impediram que os ingleses se
tornassem pioneiros nos VLJ.
Os dois protótipos construídos
foram preservados, um no Bour-
nemouth Aviation Museum (nos
arredores do vilarejo de Hurn) e
outro no Midland Air Museum
(no aeroporto de Coventry),
ambos na Inglaterra.

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