Aero Magazine - Edição 317 (2020-10)

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DIAMOND D-JET
A Diamond também se aventurou
no segmento dos VLJ. Famosa por
projetos notáveis em aerodinâmica
e performance, a empresa austríaca
lançou em 2005 o D-Jet, um mono-
jato construído em material com-
posto que também deveria custar
menos de dois milhões de dólares.
O propulsor Williams FJ33-4A-19
(de 1.900 libras-força) foi instalado
na parte de baixo da fuselagem,
logo atrás do bordo traseiro da asa.
Seu painel era equipado com um
Garmin 1000, que já se destacava
entre os sistemas glass cockpit para
modelos de entrada.
Certificado para operações
single-pilot, levava até quatro pas-
sageiros e ostentava bons números
de desempenho, incluindo veloci-
dade máxima de 315 nós, alcance
de 1.300 milhas náuticas (2.500
quilômetros) e teto de serviço de 25
mil pés. O primeiro protótipo voou
em 2006 e mais dois exemplares
foram feitos, mas a Diamond sentiu
no caixa o custo de desenvolver um
jato. A crise financeira de 2008 agra-
vou a situação e, dois anos depois, o
projeto foi suspenso.
Em 2012, o programa ganhou
uma segunda chance e a Diamond
retomou os voos de teste. A equipe
aguardava a montagem de um quar-
to exemplar e o D-Jet, que voava
a Mach 0,56 em cruzeiro, parecia
ter um futuro promissor. Mas a
Diamond não obteve financiamento
para prosseguir com a certificação
e cancelou definitivamente o projeto.

Apesardosreveses, a euforia seguia
estimulandoo mercado. Fabricantes
tradicionais apresentaram projetos
aparentemente mais viáveis do que
os jatos excêntricos de empresas
“emergentes”. A Piper, importante
fabricante da aviação geral, lançou o
PA-47, batizado PiperJet ou Altaire.
A empresa tinha a possibilidade
de usar soluções desenvolvidas em
modelos anteriores como base para
o programa, minimizando custos
e riscos (o monoturboélice Piper
M600, por exemplo, deriva do
monomotor a pistão Matrix).
No Altaire, os engenheiros
aproveitaram a plataforma do
modelo PA-46 Malibu Meridian.
Essa fuselagem abria espaço para
uma cabine espaçosa e o projeto
eliminou o túnel no chão por
onde passava a longarina da asa.
O desafio era achar lugar para o
reator Williams FJ44-3AP, já que o

modelo original usa um propulsor
com hélice no nariz.
A solução se mostrou tão criati-
va quanto desastrosa: o turbofan foi
encaixado na raiz do estabilizador ver-
tical, como nos jatos comerciais DC-


  1. Nessa posição, o empuxo força o
    nariz da aeronave para baixo e, para
    compensar esse efeito, o Altaire teve
    de receber um sistema de vetoração
    passiva de empuxo: um bocal móvel
    na saída do motor que direcionava o
    ar de acordo com a potência aplicada.
    Anunciado em 2006, o Altaire só
    voou em julho de 2008, quando o preço
    do avião já superava os 2,5 milhões
    de dólares, incompatível para uma
    aeronave com seu desempenho. A crise
    de 2008 levou a Piper a suspender o
    projeto, definitivamente cancelado em

  2. O único exemplar produzido teve
    como destino o Florida Air Museum,
    em Lakeland, que conta com um valioso
    acervo de aeronaves experimentais.


PIPERJET

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