Aero Magazine - Edição 317 (2020-10)

(Antfer) #1

MAGAZINE 317 | (^39)
LEAR 23
TERIA SIDO O
PRIMEIRO VLJ?
Uma fábrica nova, criada por
um executivo vindo de fora
do setor de aviação, lança um
jatinho de negócios compacto,
de desenho ousado e alto
desempenho, por uma fração
do preço dos modelos maiores
e revoluciona o mercado da
aviação geral. Aparentemente,
a estratégia da Eclipse ao
apresentar o EA500 era uma
mera repetição da história de
William “Bill” Lear que, em 1963,
colocou no mercado o pequeno
e revolucionário Learjet 23,
pioneiro de uma linhagem
lendária de jatos de negócios.
Mas o EA500, colocado em
serviço em 2006, tinha uma
diferença básica em relação
ao seu antepassado distante,
além da evolução tecnológica.
Mesmo que relativamente
barato diante dos jatos da sua
época, o Learjet 23 custava 600
mil dólares na época do seu
lançamento, cerca de 15 vezes
o que se pagava então por um
monomotor Bechcraft Bonanza,
e o equivalente a mais de cinco
milhões de dólares em valores
atualizados. Ninguém nunca
achou que os Learjet 23 se
tornariam aviões populares ao
ponto de congestionar os céus
e ameaçar o trafego aéreo ao
redor do mundo.
Duas décadas depois do frenesi, o
mercado enfim constatou a inviabilida-
de de um avião a jato com preço abaixo
de um milhão de dólares. Alguns
fabricantes abandonaram totalmente o
conceito, enquanto outros se adequa-
ram à realidade e firmaram posições
com bons produtos nesse segmento
de entrada. Mas, ao mesmo tempo, os
monoturboélices pressurizados se con-
solidaram como concorrentes respeitá-
veis e difíceis de serem batidos.
Mais baratos do que os jatos para
se adquirir, operar e manter, modelos
como o TBM 940 e o Pilatus PC-12NG
oferecem performance, capacidade de
passageiros e tamanho de cabine muito
próximos aos de seus rivais com motores
a reação. O potencial desse segmento
segue atraindo a atenção de grandes
fabricantes como a Textron, que lançou
o projeto Cessna Denali para entrar na
briga por um dos poucos mercados que
seu enorme portfólio ainda não cobre.
Aparentemente, os monoturboélices
ocuparam boa parte de um mercado que
há 15 anos parecia estar reservado aos
jatos muito leves.
Seria o fim dos VLJ? Provavelmente
não. Phenom 100, Vision SF50, Honda
Elite e o próprio Citation M2 são hoje
aparelhos consolidados no segmento
de entrada, direcionados a um público
que não abre mão da performance e
do status de um modelo a reação. Mas
já não há grandes ilusões quanto ao
tamanho desse segmento. E ninguém
mais teme o caos causado por milhares
de jatinhos circulando em volta dos
aviões comerciais.
MONOTURBOÉLICES

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