Aero Magazine - Edição 317 (2020-10)

(Antfer) #1

MAGAZINE 317 | (^45)
POR | PAULOMARCELOSOARES*,ESPECIALPARAAEROMAGAZINE


AUTOTHROTTLE


Como funciona o sistema de controle automático de


velocidade, que ganha cada vez mais relevância no


mercadodeaviaçãodenegócios


D


irigindoatéo
aeroporto, muitos
aviadores usam o
chamado sistema
cruise control
para assegurar uma velocidade
constante em seus automóveis e,
assim, aliviar o tedioso esforço
de manter uma determinada
pressão no pedal do acelerador,
além de eliminar o risco de
receber uma multa por excesso
de velocidade. Curiosamente,
a menos que ele vá pilotar um
moderno jato comercial, há
grandes chances de que o seu
avião não possua um dispositi-
vo semelhante, e que ele tenha
de controlar a velocidade de sua
aeronave literalmente “na mão”.
Mas a chegada de uma nova
geração de aviões começa a
mudar essa realidade. Sistemas
de controle automático de velo-
cidade, popularmente conheci-
dos como autothrottle (A/T), já
despontam no mercado princi-
palmente entre os turbo-hélices
da aviação geral, como é o caso
dos novíssimos modelos Daher
TBM 940, Pilatus PC-12NGx,
Piper M600, Beechcraft King
Air 360, alguns dos quais ainda
em fase de certificação.
A tecnologia de controle
automático de velocidade de
aviões surgiu no final dos anos
1950, com a criação do AutoPo-
wer, um sistema desenvolvido
pela empresa americana Safe
Flight baseado na manutenção
do ângulo de ataque (e não na
velocidade) da aeronave. Insta-
lado inicialmente em um Dou-

glasDC-3,o recursopodeser
considerado um precursor dos
modernos autothrottles. Jatos
como o DC-9 já possuíam um
sistema capaz de manter uma
velocidade constante enquanto
faziam uma aproximação por
instrumentos (ILS). Poste-
riormente, mais aeronaves,
incluindo os Boeing 707, 727
e 737-200, o DC-8 e o Trident,
receberam kits de retrofit, o que
permitiu o uso da nova tecno-
logia em voos de cruzeiro.
A partir dos anos 1970, boa
parte dos novos aviões (A300,
747 e DC-10) já saía de fábrica
equipada com autothrottles
bastante similares aos modelos
atuais. Enfim, na década de
1980, os autothrottles ganha-
ram presença obrigatória em
qualquer aeronave comercial
e em alguns jatos de negócios,
evoluindo de modo a se inte-
grar totalmente aos sistemas
automáticos de gerenciamento
de voo. Mostraram-se uma fer-
ramenta importante para a se-
gurança de voo ao permitir um
controle preciso da velocidade
(evitando situações de estol ou
overspeed), baixando a carga de
trabalho da tripulação, evitan-
do danos aos motores e ajudan-
do a manter uma aproximação
estabilizada. Além disso, o A/T
dosa a aplicação de potência,
aumentando a economia de
combustível e reduzindo custos
de manutenção.
O controle automático de
velocidade opera com dados
obtidos de vários sistemas da

TEXTO E INFOGRÁFICOS | PAULO MARCELO SOARES*,
ESPECIAL PARA AERO MAGAZINE
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