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dispositivo presente até mesmo
nas menores aeronaves.
Apesar de aliviarem a carga
de trabalho do aviador, os siste-
mas de autothrottle/autothrust
não são dispositivos “mágicos”.
Eles apresentam limitações,
especialmente em condições
meteorológicas adversas ou após
falhas de alguns sistemas. O
entendimento de seus modos de
operação, o constante monito-
ramento e a pronta intervenção
por parte da tripulação quando
o sistema não opera adequada-
mente são fundamentais para
um voo seguro.
- O piloto Paulo Marcelo Soares é
comandante e instrutor de Airbus
A320 e já voou as aeronaves
F-100, A330 e E-195.
Painéis do King Air
(ao lado) e Vision
(abaixo) com
autothrottle
Manetes de potência
do A320: botão
de desconexão do
autothrust (seta
vermelha) e detents
do autothrust TOGA,
FLX/MCT, CLB e Idle
em condições visuais (VFR).
Moving Map Displays tornaram
a navegação mais simples e intui-
tiva. Sistemas de aviso de tráfego
que antes eram exclusivos dos
grandes jatos garantiram muito
mais segurança à operação em
espaços aéreos congestionados.
Dispositivos eletrônicos portáteis,
como os tablets, substituíram os
volumosos manuais de cartas de
descida. Muitas dessas tecnolo-
gias surgiram primeiro para os
aviões comerciais e, rapidamente,
tornaram-se disponíveis para os
jatos e turbo-hélices de negócios e,
mais tarde, até mesmo para as ae-
ronaves a pistão da aviação geral.
Hoje, monomotores ou
bimotores leves modernos
possuem recursos de automa-
ção de voo comparáveis aos de
qualquer jato comercial. Mas
ainda lhes falta uma peça-chave:
justamente o autothrottle. Isso
ocorre em parte pela complexi-
dade inerente ao sistema. Além
da instalação de componentes
mecânicos que atuem nos ma-
netes, um sistema de autothrot-
tle em aeronaves a pistão teria
de gerenciar três alavancas por
motor (potência, passo e mis-
tura). Sim, como diz o ditado,
para a engenharia, tudo é tecni-
camente possível, mas nem tudo
é economicamente viável. Este
é o atual desafio dos projetistas:
criar um sistema de autothrottle
que seja simples, confiável, com-
pacto e, principalmente, de cus-
to acessível ao operador de uma
aeronave de pequeno porte. Até
os dias de hoje, isso parecia ser
uma missão impossível.
As coisas estão mudando. Os
lançamentos de sistemas para aero-
naves de pequeno porte prometem
dar fôlego novo para a pilotagem
na aviação geral. Destaque para o
modelo “Thrustsense”, da empresa
americana Innovative Solutions
& Support, desenvolvido para as
novas aeronaves turbo-hélices King
Air 360 e Pilatus PC-12NGx, para
o sistema de autothrottle do novo
TBM-940 e para o revolucionário
sistema Autonomi da Garmin, que
proverá uma inédita capacidade de
pouso automático para a família
TBM, o Cirrus Vision Jet e o Piper
M-600. Uma solução para aerona-
ves a pistão será a popularização do
FADEC, com manete único para
controle de potência do motor,
eliminando os manetes de passo e
mistura, como já é o caso do Dia-
mond DA-62, que usa motores
de ciclo Diesel. Essa arquitetu-
ra abre um caminho para, no
futuro, termos esse importante