Aero Magazine - Edição 317 (2020-10)

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velocidade. Mas os velocímetros
das aeronaves são baseados em
sensores de pressão que medem o
movimento do avião em relação
ao ar, os chamados “tubos de
pitot”. Por isso, esses velocímetros
indicam (em “nós”) a airspeed do
aparelho em relação ao ar que está
sendo atravessado. Assim como
nos navios, se um avião se desloca
a 100 nós (185,2 km/h) no mesmo
sentido de uma corrente de vento
de 10 nós (18,5 km/h) as duas velo-
cidades irão se somar e a grounds-
peed em relação ao solo será de 110
nós (203,7 km/h). Inversamente, o
mesmo avião voando a 100 nós de
frente contra um vento de 10 nós
terá uma groundspeed de apenas 90
nós (166,7 km/h). Esta é a principal
razão levada em conta por pilotos
ao decidir decolar e pousar o
avião contra o vento: ao reduzir a
groundspeed necessária para essas
operações, é possível diminuir a
extensão de pista utilizada para a
aceleração ou a frenagem.

ATMOSFERA PADRÃO
Apesar das semelhanças, os
aviadores logo descobriram que
a navegação no mundo tridimen-
sional da atmosfera terrestre tem
particularidades que não existem
na superfície de rios, lagos e ocea-

(5,56 km/h) pelo oceano, as velo-
cidades irão se somar e o barco irá
se mover cerca de 24 quilômetros
em relação à terra a cada hora de
viagem. Outro navio cruzando
a 10 nós no sentido oposto ao
da corrente terá a velocidade
subtraída pelo movimento da água
e vai andar pouco menos de 13
quilômetros em relação à terra a
cada hora. Mas os passageiros a
bordo dos navios têm a sensação
de que os dois barcos se movem
na mesma velocidade.

AIRSPEED E GROUNDSPEED
No início do século passado,
quando surgiram os balões diri-
gíveis e os aviões, ficou claro que
estes aparelhos – por se desloca-
rem em um meio fluido (no caso,
o ar) – tinham mais semelhanças
com navios do que com os veícu-
los terrestres. Assim, as aeronaves
herdaram diversas referências da
navegação, entre as quais o uso da
velocidade em nós e o conceito
de que existe uma “velocidade em
relação ao ar” (airspeed) e uma
“velocidade em relação ao solo”
(groundspeed) que, frequente-
mente, não são iguais.
É óbvio que em dirigíveis e
aviões nunca se usou flutuadores e
cordões com nós para o cálculo de

ção era então usada nos cálculos
feitos pelo mestre de navegação do
barco. Convertido para unidades
de medida atuais, o valor padro-
nizado internacionalmente de um
“nó” (ou knot, em inglês, abrevia-
do kt) é de 20,25 polegadas por se-
gundo, ou uma “milha náutica” (m
ou nm) por hora. O que equivale a
1,852 quilômetro por hora.
Não se deve confundir “milha
náutica” com “milha terrestre
inglesa”, esta equivalente a 1.609,34
metros. Importante lembrar que,
até há algum tempo, usavam-se
valores ligeiramente diferentes para
milha náutica nos Estados Unidos
(1.853,25 metros) e no Reino Unido
(1.853,18 metros). Os norte-ameri-
canos aderiram ao padrão interna-
cional em 1954 e os britânicos, em


  1. Além disso, como o “nó” já
    é uma unidade de velocidade, não
    se usa “nós por hora” ou “nós por
    minuto”, apenas “nós”.
    A origem naval do “nó” lhe dá
    outra característica: indica a velo-
    cidade do navio em relação à água
    por onde o barco passa. Ou seja,
    não leva em conta que a própria
    água pode estar se deslocando em
    relação à terra firme. Se um navio
    cruza a 10 nós (18,5 km/h) no
    mesmo sentido de uma corrente
    marítima que se desloca a 3 nós


Os padrões públicos
de medidas de
comprimento
britânicas estão
fixados em uma parede
do Observatório de
Greenwich e são
recalibrados a cada
10 anos. Na foto
menor, o equipamento
usado para medir a
velocidade nos antigos
navios

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