VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA Nº 4

(MARINA MARINO) #1
Hae-Won aceitou o presente,

sem olhar o que era, mas antes de


partir deu um longo abraço em sua
tia-avó.Avoltaparacasaserialongae


ela queria chegar logo, estava muito


cansada.


No caminho recordou as

históriasdaquelasmulherescoreanas


queforam transformadasemescavas
sexuais. Não se conformava com


aquilo.Umsentimentoruimembolava


em seu peito. Ela não sabia bem o


porquê,masativavaalgumacoisaem


sua memória que não conseguia


desvelar.
Saberquenãotiveramnenhum


confortoquando voltaram para casa.


Não conseguiram conviver com as


famílias,poissentiam-seculpadaspor


nãoseremmaisvirgens.NaCoreia, a


virgindadesemprefoiumtabu.


Preferiram se afastar, morar
longe dos que amavam, algumas até


se suicidaram, por não conseguirem


lidar com a culpa. Hae-Won não se


conformavacomafaltadeatitudedas


famílias coreanas para acolher as


mulheres, quando elas regressaram
aos lares, cobrindo com um pesado


véu este triste episódio de sua


história.

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