National Geographic - Portugal - Edição 236 (2020-11)

(Antfer) #1

Europae naszonasmaisinesperadasdaAmérica
rural,ouviu-seo cântico“BlackLivesMatter”.(2)
Estafrasedeordemproporcionoureconhe-
cimentoglobalaofactodea vidasersagrada,
estarinterligadae precisardeprotecção.Pes-
soasdetodososgruposdemográficose decul-
turasbastantediferentesdecidiramabandonar
osilêncioperanteosabusossistemáticosdas
forçaspoliciaise dospontosdevistalatentes
dossupremacistasbrancos.
Tudo isto revelou uma conclusão simples,
queteremosagoradeenfrentar:parasobreviver
a estevíruse aosoutrosqueseseguirãoteremos
decriarsociedadesmaisequitativase justas.Há
umaverdadeóbviaquefoipostaa nu:naguerra
viral,a humanidadeé tãofortecomoo seuelo
maisfraco.Anossasobrevivên-
ciacolectivadependerádacapa-
cidadeparadarmosmaisvalorà
relaçãodirectaqueexisteentre
a saúdeuniversale a justiçaso-
cial.Tambémvaiexigirvontade
paradarmospassosdecisivosno
sentidodealiviarmosessainter-
minável pandemia de pobreza
esmagadora que é ocalcanhar
deAquilesdoplaneta.


ALGUMASCOMUNIDADES
subestimaramovírus,
considerando-oligeiro,
senãomesmobenigno.Omundo
assistiuaovaivémdassuasinves-
tidase reagiufrequentementede
formatrágica.Noquartodomingo
deMarço,quandoastaxasdeinfecçãosubiam
vertiginosamente,o bispoGeraldGlenn,de 66
anos,destacadopastorevangélicodeChesterfield,
noestadodaVirgínia,exortavaa congregaçãoa
nãotemero vírus.À semelhançademuitoslíderes
ecuménicos,esteantigoagentepolicialnãoseguiu
osconselhosdogovernadordaVirgínia,Ralph
Northame,e dasoutraspessoasquesemanifesta-
vamcontraajuntamentosdemaisdedezpessoas.
“CreiofirmementequeDeusé maiordoque
estetemidovírus”,disseGeraldaosseusparo-
quianos.“Setivessedefazero meupróprioelogio
fúnebre,diria‘Deusé maiordoquequalquerde-
safioqueenfrentemos.’Seriao meuepitáfio.”
Gerald morreu de COVID-19 três semanas
mais tarde. A sua convicção religiosa nunca
pareceuvacilare a determinaçãoletaldovírus
tambémnão.


Passadasalgumassemanas,ahajj
anualreduzia-sea umaproporçãoín-
fimaparacontrariaro riscosanitário
representadopelacerimónia.Apere-
grinação,quetodososmuçulmanos
comcapacidadesfísicase financeiras
estão obrigadosa fazerumavez na
vida,é umdoscincopilaresdoislão.
Pornorma, maisde doismilhões
deperegrinosfazem,todososanos,
a viagematéMeca.Esteano,a multi-
dãolimitou-sea milpessoas.Ovírus
visa não apenas oscorpos dasvíti-
mas,mastambémo espíritodaqueles
quesãoobrigadosapermanecerse-
paradose isolados.

Um homem de Columbus, Ohio,
publicounoVerãopassado,noFace-
book,umacançãocomaqualespe-
ravareconfortarosamigossolitários
e idosos. O meu pai, com 78 anos
completadosemJunho,aproveitouo
seuaniversárioparacantarcoma sua
guitarraacústica.Sentou-seemfrente
docomputadore filmou-sea interpre-
tarumacançãoquecompuserahá 30
anos. Chamava-se“God’sbeengood
tome”[Deustemsidobomparamim].
Eraumacançãodelouvore gratidão.
Frank Morris, outrora pastor de
umaigrejaruralnosopédosApala-
ches, sentiu-seentristecido por já
nãopoderparticipar,emsegurança,
nas cerimónias de culto semanais.

No futuro, as pessoas não trabalharão
totalmente à distância, mas também
não trabalharão amontoadas em
escritórios. “Será um híbrido”, prevê
Martine Ferland, director-geral da
Mercer, uma empresa de recursos
humanos. Instalações mais pequenas
serão centros para colaborações
presenciais esporádicas e ferramentas
digitais aperfeiçoadas darão apoio para
o teletrabalho. Haverá mais ênfase no
equilíbrio entre a produtividade e as
necessidades pessoais, permitindo que
os trabalhadores organizem o horário
de trabalho e encaixem-mo nos seus
compromissos. A flexibilidade será o
derradeiro benefício profissional, diz
Martine Ferland. —DANIEL STONE

2.
Houve
manifesta-
ções de
Black Lives
Matter em
40% dos
condados
norte-ame-
ricanos, 60
países e em
todos os
continentes,
excepto na
Antárctida.

ILUSTRAÇÃO: RACHEL LEVIT RUIZ A NOSSA HUMANIDADE À PROVA 73


EQUILÍBRIO
DO TRABALHO
E DA VIDA

REPENSANDO
A NOSSA
SOCIEDADE
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