60
40
20
10
0
80
100
1900 1950 2000 2020 JFMAMJ
Segundo
choque
Primeiro
choque
petrolífero
Crise
financeira
Segunda Guerra Mundial
1918 Depressão
Gripe
pneumónica
-8%
2020
Projecção
da quebra
deste ano
Mudança diária
em 2020
Em 2015, registou-se
aquecimento de 1°C *
EMISSÕES GLOBAIS
DIÁRIAS RELACIONADAS
COM ENERGIA
Milhões de toneladas de CO
1 Junho
1 Janeiro
dade está a colidir com nove “fronteiras planetá-
rias” diferentes. A biodiversidade que estamos a
perder enquanto arrasamos fl orestas e extingui-
mos espécies é uma dessas fronteiras. O azoto
que estamos a largar nas vias fl uviais, vindo de
campos agrícolas excessivamente adubados, é
outra. Os cientistas debatem a maneira como es-
tas fronteiras podem ser quantifi cadas e se, para
além delas, haverá “pontos de viragem” de mu-
dança catastrófi ca. No entanto, o princípio bási-
co de que estamos a prejudicar perigosamente o
planeta é difícil de contestar. As alterações cli-
máticas são o melhor exemplo disso.
Por que razão nos é tão difícil aceitar a exis-
tência desta ameaça bem documentada? Elke
Weber, psicóloga da Universidade de Prince-
ton, passou décadas a investigar essa questão.
“O problema fundamental é a nossa miopia ex-
cessiva enquanto espécie”, disse-me. “Vivemos
centrados em nós. Vivemos centrados no aqui
e agora.”
Há várias décadas que os proble-
mas ambientais actualmente vividos
se têm agravado. Se a COVID-19 fi zer
alguma diferença a longo prazo, não
será porque parou o trânsito durante
algum tempo. Será porque a expe-
riência global mudou a nossa cultura.
“A ciência demonstra com clareza
que esta década é a década decisiva
para o futuro da humanidade na Ter-
ra”, disse Johan Rockström, director
do Instituto Potsdam para a Investi-
gação do Impacte Climático, sedia-
do nos arredores de Berlim. O seu
gabinete fi ca na torre de um antigo
observatório astronómico. Quando
conversámos, numa quinta-feira de
Maio, ele encontrava-se praticamente
sozinho no enorme edifício do século
XIX. Desde 2009 que Johan e outros
investigadores dizem que a humani-
O princípio
do fim do
carbono?
É provável que
a COVID-19
cause uma
redução sem
precedentes
nas emissões
de dióxido de
carbono.
Segundo as projecções, as emissões globais
deveriam atingir o auge por volta de 2024, mas
o declínio deste ano, devido aos confinamentos
associados à COVID-19, poderá prenunciar
um ponto de viragem antecipado na luta
contra as alterações climáticas.
TENDÊNCIAS HISTÓRICAS
As recuperações de crises passadas provocaram retomas rápidas das
emissões, incluindo o maior aumento ano após ano de que há registo,
após a crise financeira de 2008. A descarbonização das fontes de energia
ajudaria a quebrar a ligação entre o crescimento económico e as emissões.
ACTUALIDADE
Os decréscimos causados
pelo confinamento
parecem ser instáveis
e temporários.
- ACIMA DOS NÍVEIS PRÉ-INDUSTRIAIS
LAWSON PARKER; SCOTT ELDER. FONTES: AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA; EMISSÕES DURANTE A PANDEMIA: LE QUÉRÉ E OUTROS,
NATURE CLIMATE CHANGE 2020; TRAJECTÓRIAS DE AQUECIMENTO ACTUAIS E PLANEADAS E ESTIMATIVA DAS EMISSÕES 2040-2100: ZEKE
HAUSFATHER, THE BREAKTHROUGH INSTITUTE; CONCENTRAÇÃO: MET OFFICE HADLEY CENTRE