Valor - Eu & Fim de Semana - Edição 1039 (2020-11-06)

18 |Valor|Sexta-feira,6denovembrode

GALERIA

DIVULGAÇÃO

GustavoFilgueirascomascantorasAnaCarolinae Te resaCristina

CarlosAlberto Figueiras,paideGustavoe fundadordoEmiliano

Filgueiras costumapercorrer cercade250kmdebicicletaporsemana

DIVULGAÇÃO

MARISA CAUDURO/VALOR

O CEO noEmilianoRio,quefechouasportasdeabrila setembro

DIVULGAÇÃO

ciênciatranquila, Filgueirasrecorreu auma

consultoriado infectologistaEsperKallás,

professorda Faculdadede Medicinada USP.

“Estávamosdirigindonumaestradacom

neblina,cientesdequehaviaobstáculospe-

lo caminho”, compara.“Coma consultoria,

conseguimos impor procedimentos que

criaramum ambientesegurotantopara

funcionáriosquantoparahóspedes.”

Depois de tentar reduzir os riscosde disse-

minaçãodo novocoronavírus no hotel, foi

preciso tratarda saúdefinanceira do empre-

endimento. “Não achava que tudoia se resol-

ver em 15 dias, por isso fui muitofirme,para

aguentar o trancoaté ofim do ano”, afirma. A

decisãomais drástica, a que levouàdemissão

de45%dosfuncionários,foitomadaaindaem

março.“Nósnospreparamosparaopior.”

Reduzida, a equipefoi obrigadaa se desdo-

braremdiversasfunções.“Tambémpassamos

a refletirsobre oque era realmenteessencial”,

afirma. “Quediferencial oferecidorealmente

agrega valor?E quais davam muitotrabalho,

masnãofaziamdiferença?Fomospráticosem

revertudoparaotimizaraoperação.”

Para mantero Emiliano no azul, um aporte

devalornãodivulgadodafamíliaFilgueirasse

fez necessário —dos quatrofilhosde Carlos

Alberto,só Gustavo (terceiro) e Carol(caçula)

trabalhamno hotel. Ela estáàfrente do spa e

da marca de cosméticos da rede,aSantapele.

“Porsortetemosrecursosparaisso,maséuma

quantiaqueprecisaráserreposta”, dizoCEO.

A decisãode continuarcom a matrizem

funcionamento se mostrouacertada,se-

gundooexecutivo.“Omovimentofoibaixo,

mas existiu.”Em seguida, informaque em

abril,considerandoos dois hotéis,o fatura-

mentofoi 93%menorque o previsto antes

da pandemia.“Os custosfixos de manuten-

ção dos nossoshotéissão muitoaltos,e não

dáparase livrardeles.Eaindateveosgastos

pesados comas rescisões contratuais”, diz

Filgueiras. “A matemáticaera deixarentrar

algumdinheiro,ou não deixar.OEmiliano

Rio não poderiater continuadoabertopor-

que é maisvoltadoao turismode lazer, que

aquarentenasuspendeu.”

A não interrupção em São Paulo, aliás,se

mostrouduplamente vantajosa. “Adquirimos

muitomaissegurançaparaoperardentrodos

atuais protocolosimpostos ao setor,oque

acabasendo umavantagem competitiva”,

afirma. “Os hotéis que reabriram só há pouco

aindaestãoum poucoperdidos. Não sabem

exatamenteo que funciona ou não.” E ohotel

doRio?“Comoaequipedeláficouparadapor

quaseseis meses, impusemos um treinamen-

to similar ao de uma inauguração. Comfoco,

claro,nasnovasexigências”,explica.

O Emilianopaulistano arrebanhouclientes

deconcorrentesincensados,comoFasano,Pa-

lácioTangaráeFour Seasons. Temporaria-

mente, todos esses fecharama partirde mar-

ço. Do trio,por sinal,só oúltimonão reabriu,

oqueembasarumoresdequearedecanaden-

se dará adeusao Brasil —inicialmente previs-

ta para agosto, a reaberturafoi suspensa sem

que outra data fosseestipulada. Procurado, o

hotelnãoquissemanifestar.

“Fomosmuitobeneficiadospela falta de

concorrentes, sobretudoapartirde julho,

quandoos viajantesvoltaram com mais

força”, observa.Por sinal,de todosos mem-

bros latino-americanosda incensadaasso-

ciaçãoThe LeadingHotelsof the World, da

qual o Emilianofaz parte,assimcomoo Fa-

sanoeoPalácioTangará,só o negóciodos

Filgueirasse manteve na ativa.

Opalcodestealmoçoéamesaalta,coleti-

va,queumaparededevidroseparadosalão

do restaurantedo Emilianode São Paulo.A

divisóriapermiteavistar o grandechamariz

do restaurante,batizadocom o mesmo no-

me do hotel:o jardimverticalque encobre

uma das paredespor completo.Autor tam-

bém da unidadepaulistana,oarquitetoAr-

thur Casasinstalouno Emile, o restaurante

dafilialcarioca,umjardimdotipo.

O anfitriãovestecalçade alfaiatariacin-

za, camisabranca comas mangasdobra-

das esapatosmocassim.Para ficar de olho

no vaivémdo restaurante,quaselotadona

quinta-feira,preferiu sentarde costaspara

a enormeadegaque roubaa cenano am-

biente.Neladescansammaisde 80 rótulos

de champanhe,bebidada qualorestau-

rantevirousinônimo —além do próprio

Gustavo, que a consomequasetododia.

Não o tome por um simples entusiastado

produto.Porseuempenhoempromovê-lono

Brasil, foiungido,há quasedez anos, “cheva-

lier”da vetustaordemfrancesa Coteauxde

Champagne —no ano passado o promove-

ram a “officier”daentidade. “É comose eu ti-

vessemudado de faixano judô”, compara.

Nãoàtoa,malaconversaengrena,elepropõe:

“Queremumatacinhade champanhe?Gos-

tam?”.Ninguémseopõe—alguémrecusaria?

—, e ogarçomprovidencia um Moët&Chan-

donBrutImperial.Enchidasastaças,agarrafa

édevolvida parauma cubacom gelo,deposi-

tadanaentradadorestaurante.

O caprichadocouvert,compostode pães

de váriostipos,queijode cabracomale-

crim,manteigasemsalecompotadecebola

caramelizada,chegaà mesaum poucoan-

tes. Na horada escolhados pratos,Filguei-

rasrecomendaopolvoservidocomtomates

orgânicos, batatasao murroe linguiçapi-

cante;o bife de paletade anguscomfei-

jão-manteiguinha,miniarroze ovode co-