Viaje Mais - Edição 190 (2017-03)

(Antfer) #1

(^38) VIAJEMAIS
BÉLGICA SHUTTERSTOCK
Encravado entre Holanda,
França e Alemanha, o pequenino
país anda desperto, com um au-
têntico sorriso no rosto, seja do
vendedor de waffles (mais uma
iguaria local), de uma criança
num carrossel ou do policial que
patrulha o centro. A sensação
é de acolhimento, e não só por
seu tamanho diminuto, com área
pouco maior do que o Estado de
Alagoas. Espero não arrumar en-
crenca com os parisienses, mas
a simpatia e gentileza médias
de um cidadão de Bruxelas são
imensamente maiores. Além dis-
so, mesmo o inglês não sendo
língua oficial no país, a quanti-
dade de falantes pode até fazer
parecer que é. Uma ajuda e tanto
para quem não domina francês e
flamengo com fluência.
Sim, flamengo é um dos dois
idiomas oficiais e quase todas
as placas de Bruxelas são bilín-
gues. A região de Flandres, que
engloba partes da capital, Bruges
e Ghent dá uma dimensão da
pluralidade do país. Em alguns
cantos dessas cidades, é possível
não ler nada em francês, dando a
sensação de estar na Holanda, já
que o flamengo e o holandês são
línguas muito próximas.
BRUXELAS
A capital Bruxelas é uma es-
pécie de Brasília do Velho Con-
tinente, é sede do parlamento
europeu, centro das decisões da
União Europeia. Existe algo de
solene que é possível perceber,
embora toda essa atmosfera po-
lítica passe um pouco longe do
centro histórico onde se concen-
tram os turistas.
A Grand-Place é o ponto de
partida para descobrir o velho
espírito da capital. Recém-res-
taurada, exibe todos os detalhes
folhados a ouro e os ornamentos
de pedra do século 17 absoluta-
mente imaculados, com a Torre
do Hôtel de Ville, a prefeitura,
e seus 96 metros se sobressaindo
e a colocando no horizonte de
toda Bruxelas. É difícil discordar
do pretenso título de praça mais
linda da Europa. Uma festa para
os olhos e para as câmeras dos
turistas – espere encontrar aqui
a maior multidão do país. No
Natal, a partir do início de de-
zembro, uma linda árvore ocupa
o centro da praça, com ilumina-
ções noturnas e cheias de efeitos
sobre os prédios. Uma boa pe-
dida é se agasalhar bem e tomar
uma cerveja ou vinho num dos
bares da praça.
Ali do ladinho, a uma quadra
da Grand-Place, vive o mascote
do país. Muitos detestam atri-
buir ao Manneken Pis este títu-
lo, mas é inegável que a pequena
estátua do menino fazendo xixi
ganhou o mundo como um íco-
ne belga. Apesar da estatura di-
minuta (apenas 60 centímetros),
não tem como não vê-la. A es-
quina em que habita vive sempre
apinhada de turistas. Diz a lenda
que no século 17 um grande in-
cêndio atingia a região e no meio
da confusão um pai se perdeu do
filho, que foi encontrado depois
urinando sobre fogo para tentar
contribuir. Sabe-se que a estátua
original, esculpida por Jerôme
Duquesnoy em 1618, foi rouba-
da em 1817, mas a querida cópia
é festejada como se fosse autên-
tica. Vigora a tradição de ves-
tir a estátua em épocas festivas,
sem nunca interromper o jato
de água, e mais de 800 desses
figurinos, de bombeiro a panda,
estão no Museu da Cidade de
Bruxelas, na Grand-Place.
Bater perna pelo centro de
Bruxelas é um ritual para desco-
bri-la. Do lado oposto ao Man-
neken Pis, a Galerie de La Reine
desfila, em seus corredores co-

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