Elle - Portugal - Edição 385 (2020-12)

(Antfer) #1

58 ELLE PT


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á uma certa aura de eletricidade que en-
volve Sandra Oh. A atriz coreana-cana-
dense, de 48 anos, tem uma capacidade
especial de se conectar com as pessoas
sem qualquer tipo de esforço, desde um
grupo de mulheres na casa dos 40 anos que
ando ela sai do elevador do hotel onde se
encontraatéaosadolescentes que estão a descobrir a série
AnatomiadeGreypela primeira vez através da Netflix e
estão a fazer TikToks da #CristinaYang, com visualizações
que já ultrapassam os 14 milhões.
Este carisma de Oh é muito evidente em Killing Eve, a
série que está disponível na HBO Portugal e que já vai na
sua terceira temporada. Aclamado pela crítica e vencedor de
vários prémios, este thriller documenta a relação obsessiva,
de gato e rato, que se desenvolve entre uma assassina pro-
fissional, Villanelle (interpretada pela atriz britânica Jodie
Comer) com Eve Polastri, uma desonesta agente do MI6
(papel de Oh). Entre assassinatos mirabolantes com ganchos
de cabelo envenenados e nuvens de perfume mortal, Killing
Eve mostra-nos duas mulheres consumidas pela ambição
e, em última instância, as faíscas inevitáveis que surgem
quando se encontam duas pessoas que são as melhores nas

suas respetivas áreas. Estas personagens complexas não são
fáceis de gostar, mas são muito atraentes de interpretar, ou
seja, Eve é o tipo de papel que Sandra gosta.

FOI A DESEMPENHAR O PAPEL de outra mulher complexa
que a atriz canadiana se tornou um nome de sucesso – a
médica Cristina Yang de Anatomia de Grey. «Decidi que
só vou interpretar personagens que são essenciais para a
história, que conduzem a narrativa e, portanto, não podem
ser eliminadas», explica. O fator crucial, acrescenta a atriz,
«é que tens que chegar a um ponto [na tua carreira] onde
podes dizer não». O compromisso de Oh com este padrão e
o que ela traz para a sua performance é o motivo pelo qual
Shonda Rhimes, criadora e produtora executiva de Anatomia
de Grey, lamentou publicamente a decisão de Oh sair após
10 temporadas. «Fiquei mais triste por não escrever para a
Sandra do que qualquer outra coisa, porque já não teria a
oportunidade de ver o que ela poderia fazer com a perso-
nagem», explica-me por telefone. «Acho que ela escolhe as
personagens e depois encaixa-se nelas. Existem muitos atores
que querem ser fixes ou que querem ser vistos como prota-
gonistas românticos ou como heróis, mas a Sandra não está
interessada nisso. Ela quer interpretar coisas da vida real».

Como é que uma atriz se reinventa em personagens diferentes e complexas
sem fugir aos seus princípios e mantendo-se sempre relevante?
Sandra Oh conta à ELLE como navega o universo de Hollywood.

A ANATOMIA DE


Fotografias de Greg Swales | Styling de Annie Horth
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