Adega - Edição 181 (2020-11)

(Antfer) #1

Revista ADEGA - Ed.181 | (^95)
Virtude
piemontesa
Da Argentina, aos Estados Unidos e, enfim, ao
Piemonte. A história da Poderi Aldo Conterno
por Arnaldo Grizzo
DURANTE TRÊS ANOS, de 1950 a 1953,
a península coreana viveu em guerra (ainda
vive teoricamente, pois nunca foi assinado
um acordo de paz). Comunistas e capitalistas
disputaram o comando do território coreano.
Curiosamente, nessa época, um jovem italiano
havia decidido partir para os Estados Unidos
para tentar montar um vinícola juntamente
com seu tio, que vivia na Califórnia. Lá
chegando, contudo, alistou-se (para terminar
seu serviço militar obrigatório) e embarcou para
a Coreia do Sul. Quando retornou, o sonho da
vinícola americana havia se esvaziado. Então
ele voltou ao Piemonte.
E foi na sua terra natal que o empreendedor
Aldo Conterno gravou seu nome. Primeiramente,
ele e seu irmão, Giovanni, assumiram as rédeas
da vinícola do pai, Giacomo – um dos mais
famosos “barolistas” de sua geração, que ainda
nos anos de 1920 passou a engarrafar seu Barolo
Riserva, dando origem ao Monfortino, um dos
Barolos mais icônicos do planeta.
A história vinícola dos Conterno, contudo,
é anterior a Giacomo. Seu pai, Giovanni – que
havia emigrado para a Argentina no fim do
século XIX, mas posteriormente retornado
à Itália –, já produzia vinhos. Trabalhando
juntos, eles viram os vinhos Conterno serem
vendidos no mercado interno e também nas
Américas, com ajuda de um parente que ficou
na Argentina.
Cisão fraterna
e pensamento aristotélico
Giacomo decidiu passar a empresa aos filhos
Giovanni (seu primogênito) e Aldo, em 1961.
Eles, porém, separaram-se oito anos depois.
Com parte das terras paternas, na área de
Monforte d’Alba (o irmão ficou com a parte
de Serralunga d’Alba) e também adquirindo
o vinhedo Favot, ele fundou a Poderi Aldo
Conterno em 1969. Mas antes mesmo de tomar
um rumo diferente do irmão, Aldo já estava
trabalhando de uma forma diversa do que a
tradição de Barolo mandava.
Enólogo de talento, Aldo mesclou técnicas
novas com antigas tradições de Barolo. Para tentar
amenizar os clássicos taninos do vinho, decidiu
diminuir o tempo de fermentação, além disso,
passou a bombear o mosto durante a fermentação
em vez de fazer de submergir o chapéu – algo
quase impensável para a época. Entre suas
inspirações estava o trabalho de outro “rebelde” da
região, mas de Barbaresco, Angelo Gaja.
Apesar de Aldo ser considerado um dos
pioneiros do movimento modernista (antes
mesmo das “Guerras de Barolo” – veja box),
seus vinhos não romperam totalmente com a

Free download pdf