Aero Magazine - Edição 318 (2020-11)

(Antfer) #1
12 |^ MAGAZINE^318

A Nasacogitouutilizarumcargueiro
militarLockheedC-5Galaxy,masseu
custoeraaindamaisproibitivo.Emjulho
de1974,a agênciaacabouoptandopor
comprarumJumbousadodeprimeira
versão(747-100),mascomapenasquatro
anosdeatividade:o N9668,quehaviasido
entregueparaa AmericanAirlinesem
outubrode1970.Nosdoisanosseguin-
tes,o aviãofoiamplamentemodificado,
recebeuestabilizadoresverticaisadicionais
(montadosnaspontasdosestabilizadores
horizontais),umsuporteparafixação
doônibusespaciale doislastrosdeaço


  • umde 635 quilossobo pisodocockpit
    e outrode3.175quilosnoporão– para
    baixaro centrodegravidade,alémde
    motoresbemmaispotentesusadosnas
    novasversõesdo747.Depoisdepronto,
    o primeiroSCApassoua servircomo
    plataformadetransportedoprotótipo
    “Enterprise”nosvoosdevalidaçãodas
    característicasaerodinâmicasdanave.
    Vendoasfotose vídeosdonovoshuttle
    voandonascostasdoJumbo,muitos
    pensaramqueeleserialançadoaoespaço


a partirdali.Narealidade,o SCAdecolava
como OVmontadosobresuafuselagem
e, apósganharaltura,liberavaastravas
e mergulhava,deixandooshuttle(que
nãoacionavaseusmotores-foguete)em
voolivre.Esseprincípiovinhasendo
aperfeiçoadopelaNasadesdemeados
dosanos 1960 emveículosexperimentais
menores,conhecidoscomolifitingbodies
(pejorativamentechamadosde“banheiras
voadoras”).

CURIOSIDADES


ÔNIBUS ESPACIAL


NO DORSO


POR | EDMUNDO UBIRATAN


Q


uando a agência espa-
cial norte-americana
convenceu o Congresso
dos Estados Unidos a financiar o
programa Space Transportation
System (STS), havia a promessa
de que o “ônibus espacial” (em
inglês space shuttle), como ficou
conhecido, popularizaria o acesso
ao espaço. Previam-se múltiplos
lançamentos a cada ano, eventu-
almente mais de um por semana,
por uma fração dos custos do
gigantesco foguete Saturno V, que
fora usado no programa Apollo.
Não era difícil crer que os
gastos seriam, de fato, menores:
afinal, o STS cumpriria somente
missões à órbita baixa, já que
o foguete lançador não tinha
capacidade de levá-lo até a Lua. O
espaçoso veículo orbital (orbiter
vehicle ou OV) retornaria à terra
como um avião e seria reaprovei-
tado. Mas, em pouco tempo, ficou
claro que o que tinha ido parar
na Lua era o custo operacional da
espaçonave. Cada lançamento não
saia por menos de um bilhão de
dólares e – após a tragédia com
o STS-51-L que destruiu o OV
Challenger – a Nasa se convenceu
de que não seria possível realizar
mais que quatro ou cinco lança-
mentos por ano.
Entre as soluções complexas e
caras que estouraram o orçamento
do programa STS, destacava-se
um curiso avião desenvolvido
para transportar pelos ares os OV,
e que ganhou fama ao entrar em
operação antes do primeiro voo
do ônibus espacial. Era o chama-
do Shuttle Carrier Aircraft (SCA).

SHUTTLE CARRIER
AIRCRAFT
Durante o desenvolvimento do
projeto, os engenheiros consta-
taram a necessidade de testar o
protótipo do OV em voo atmosfé-
rico, avaliando sua capacidade em se
manter em voo controlado como um
planador após a reentrada. Como tudo
no programa STS, optou-se por umasolução
insanamente dispendiosa. Um Boeing 747, na épo-
ca o jato comercial mais caro fabricado nos EUA, foi adaptado
para transportar o veículo orbital na parte externa, apoiado sobre o dorso da
fuselagem. Não era uma ideia original, mas jamais algo tão grande e complexo
havia sido montado sobre outro avião igualmente gigantesco e sofisticado.

NA CORCUNDA DO JUMBO

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