Aero Magazine - Edição 318 (2020-11)

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MAGAZINE 318- | (^13)
TRANSPORTADOR
OFICIAL TRÊS ESCALAS
Os reforços estruturais e o lastro deixaram
os SCA da Nasa mais pesados do que os
Jumbos originais, apesar da remoção de
bancos e acabamento interior, restando ape-
nas alguns assentos no upper deck. Ambos
os aviões (mesmo o short range) tinham
condições de cruzar os Estados Unidos sem
escala nos voos vazios. Mas, quando o OV
estava sendo transportado, o avião fazia três
escalas intermediárias entre a Califórnia e
a Flórida, pousando duas vezes no Texas e
uma no Mississipi.
VOO BAIXO E LENTO
Parte desse alto consumo se deve ao fato de
que os voos levando os ônibus espaciais eram
feitos com velocidade média de 252 nós, entre
13 mil e 15 mil pés – muito abaixo dos limites
de altitude e velocidade para os quais o 747 fora
projetado. Mas era essa única forma de evitar
que o shuttle tivesse suas superfícies congeladas,
o que, além de causar maior arrasto, poderia
comprometer a segurança de voo. Com o veícu-
lo espacial montado nas costas, o 747 era uma
espécie de biplano arrastando a aerodinâmica
um tanto inadequada do seu parceiro de voo.
Ao retornar de um voo
orbital, o ônibus espacial
desacelerava pelo atrito
com a alta atmosfera até
atingir velocidade subsôni-
ca. A partir daí, comportava-
-se como um grande planador
em trajetória descendente e
controlada. Os shuttle podiam
pousar na Flórida, em uma
pista no centro espacial John F.
Kennedy, local onde foram feitos
todos os lançamentos. Em fun-
ção de condições meteorológicas
inadequadas na Flórida, muitos
pousos foram feitos na base aé-
rea de Edwards, na Califórnia, e
um único no centro de testes de
White Sands, no Novo México
(ambos no outro lado dos Esta-
dos Unidos). Para situações de
emergência, havia ainda uma dú-
zia de abort landing sites em ba-
ses aéreas e aeroportos ao redor
do mundo que, felizmente, nun-
ca precisaram ser usados. Uma
vez no chão, os OV eram como
uma ave sem asas, incapaz de
alçar voo. Como a ideia de lançar
missões a partir da base cali-
forniana de Vandenberg nunca
se concretizou, a Nasa passou a
depender do SCA para recolher
os ônibus espaciais pousados
nas outras bases e levá-los até
a Flórida. Diante disso, em
1988, a Nasa adquiriu da Japan
Airlines um segundo Jumbo: um
747-SR46, versão short range de
grande capacidade e curto alcan-
ce do 747-100 criada para voos
domésticos no Japão. O avião
sofreu diversas modificações e se
juntou ao outro SCA em 1990.

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