Aero Magazine - Edição 318 (2020-11)

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res preocupações de Alberto
Santos Dumont era encontrar
um modo de manter seus balões
devidamente inflados sem
exceder os limites de resistência
do tecido, que podia se romper
pelo aumento da temperatura
em dias de sol ou pela redução
da pressão atmosférica à medida
que a aeronave ganhava altura.
Suspeita-se que o descuido com
esses fatores tenha sido a causa
da explosão em 1902 do dirigível
PAX, durante um voo de de-
monstração em Paris – matando
o brasileiro Augusto Severo e seu
colega de voo Georges Saché.

PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Motivo de inquietação entre os
balonistas, a redução da pressão
atmosférica com a altitude se
converteu em uma grande aliada
dos aeronautas. Desde o século
17, quando Toricelli criou o
primeiro barômetro (veja boxe),
tornou-se possível medir as
variações da pressão do ar no
ambiente. Sistemas atuais de
medida definiram como padrão
internacional que, no nível
médio do mar (MSL, de mean
sea level), o peso do ar atmos-
férico (ou pressão) equivale
ao peso de uma coluna de 760
milímetros (29,92 polegadas) de
mercúrio líquido. Convertida ao
sistema métrico, essa atmosfera
padrão corresponde a 1.013,25
milibares (mbar) ou hectopascais
(hPA) ou, ainda, a 101,325 qui-
lopascais (kPA) – o pascal (Pa)
é a unidade padrão de pressão
e tensão no Sistema Internacio-

mentos: o acionamento de uma
válvula de alívio situada no topo
do balão (que deixava escapar
parte do gás para reduzir a sus-
tentação) e o descarte de lastros
presos ao cesto (sacos de areia
que eram esvaziados para redu-
zir o peso). Ambos os recursos
compensavam as mudanças de
altitude causadas por variações
na atmosfera e pelas correntes de
vento ascendentes ou descenden-
tes. Mas, uma vez descartados,
não havia como repor nem a
areia nem o gás, o que limitava a
margem de ajuste do balonista.
O controle da altitude se tor-
nou mais crítico quando surgi-
ram os primeiros dirigíveis, nos
quais a manutenção da rigidez
e das formas aerodinâmica dos
balões (em geral, em formato
de fuso ou charuto) depende da
pressão do gás que está dentro
do invólucro. Uma das maio-

À


medida que uma
aeronave ganha al-
tura, as estimativas
visuais de altitude
se tornam cada vez
mais precárias. Isso vale para um
voo de balão, avião ou helicópte-
ro. Em situações de baixa visibi-
lidade ou voando sobre regiões
com poucas referências – como
a superfície do mar, desertos de
areia ou grandes áreas cobertas
de neve ou densa vegetação –,
mesmo em baixa altura, um pilo-
to pode ser levado a uma perda
de orientação espacial, com
risco de se envolver em colisões
com o solo em voo controlado
(ou CFIT, controlled flight into
terrain), uma das causas tragi-
camente comuns de acidentes
fatais na aviação.
Nos antigos balões de hidro-
gênio, o controle da altitude do
voo combinava dois procedi-

O controle sobre
a altitude de voo
tornou-se crítica
nos primeiros
dirigíveis, onde
a manutenção
da rigidez e do
formato dos
balões dependia
da pressão do
gás dentro do
invólucro
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