Aero Magazine - Edição 318 (2020-11)

(Antfer) #1

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LÍQUIDOS,
COLUNA SE
CÁPSULAS
ComoumassistentedeGalileuGalilei
descobriunomercúrioumaliadoparaa
mediçãodepressãoatmosférica

Porvoltade1640,o italianoEvangelista
TorricellitrabalhavaemFlorençacomo
assistentedeGalileuGalilei,quelhesugeriu
queusasseo metallíquidomercúrioemseus
experimentoscompressãodoare bombas
devácuo.Torricellifabricouumtubodevidro
comcercadeummetrodecomprimento
e umadaspontasvedada.Encheuo tubo
commercúrioe o colocounaverticalcoma
pontafechadanapartedecimae a ponta
abertamergulhadaemumpotecheiodo
líquido.Partedomercúrioescapou,masuma
colunacomcercade 76 centímetrosdometal
permaneceudentrodotubo,formandoum
vácuosustentadonaextremidadesuperior.
Nosdiasseguintes,Torricelliconstatou
pequenasvariaçõesnaalturadacolunade
mercúrio,queatribuiua mudançasnapressão
doar.Seuprimeirobarômetrodemercúrio(o
“tubodeTorricelli”)foiapresentadoem1644.
Em1844,o cientistafrancêsLucien
Vidieinventouo barômetro“aneroide”,que
dispensao usodelíquidos.Baseava-seemum
conjuntodecápsulasocasdemetalflexível
(célulasaneroides),quesãoevacuadase
impedidasdeentraremcolapsoporuma
mola.Pequenasmudançasnapressãodo
arexternofazemcomqueascélulasse
expandamousecontraiam.Essavariação
sutilé amplificadaporumconjuntode
alavancase transformadanamovimentação
deumponteironafacedoinstrumento.Mais
práticose portáteisdoqueosdemercúrio,os
barômetrosaneroidespassarama serusados
embarcos,casase estaçõesmeteorológicas.
Maistarde,foramadaptadosparadarorigem
aosprimeirosaltímetrosbarométricos.

táculos conhecidos no terreno,
mesmo nos voos em condição de
baixa visibilidade.

NÍVEIS DE VOO
A partir dos anos 1930, com o
aumento do número de aviões
cada vez mais velozes cruzando
os céus, foi preciso criar sistemas
de controle do tráfego aéreo
(ATC) que evitassem colisões
entre aeronaves em voo. Um dos
principais recursos usados pelos
controladores é determinar um
afastamento vertical mínimo
entre aviões que se cruzam, o
que se fez estabelecendo aerovias
posicionadas em diferentes alti-
tudes. No entanto, para que esse
sistema funcione com a devida
precisão, é necessário que todos
os aviões num mesmo setor este-
jam com os altímetros ajustados
em um único padrão – e não
pelo QNH dos seus aeroportos
de origem.
Uma solução adotada
em todo o mundo a partir de
negociações feitas pela ICAO
(International Civil Aviation
Organisation) determinou a
criação de três grandes faixas de
altitude. Nas operações de pouso
e decolagem, assim como nos
voos a baixa altura, considera-se
que a prioridade é que o piloto
evite os obstáculos no terreno
e tenha uma indicação precisa
da elevação em que se encon-
tra a pista. Os altímetros são,
portanto, ajustados com base no
QNH fornecido pelo controle
de tráfego (ATC) local. Voando
nessa condição, as comunica-
ções de altitude entre pilotos e
controladores são feitas nome-
ando valores em metros ou, mais
usualmente, em pés: três mil pés,

cinco mil pés e assim por diante.
Por vezes, complementa-se com o
código QNH.
Acima de uma determinada
altura (que é denominada altitude
de transição, transition level ou TA),
considera-se que a prioridade já não
é mais evitar os obstáculos em solo,
mas, sim, manter o distanciamento
mínimo entre as aeronaves em voo.
Por isso, ao atingir essa altitude,
todos os aviões devem obrigatoria-
mente reajustar seus altímetros para
uma pressão atmosférica padrão
de 1.013,25 hectopascais (ou 29,92
polegadas de mercúrio). Entre essas
duas grandes faixas de altitude
existe uma camada de transição
(transition layer) na qual não é per-
mitido o voo nivelado, mas apenas a
passagem de aeronaves subindo ou
descendo.
Acima da camada de transição,
as comunicações de altitude com os
ATC passam a ser feitas em termos
de níveis de voo ou Flight Levels.
Por exemplo: aviões que estejam
autorizados a voar no FL 070 devem
se conservar a sete mil pés, enquan-
to que aqueles autorizados para FL
330 voam a 33 mil pés. Entre os FL
290 e 410 (29 mil a 41 mil pés) todas
as aerovias que seguem em direções
opostas ocupam níveis de voo com
afastamento vertical de 610 metros
ou dois mil pés (reduzido para mil
pés em regiões onde se adota a
RSVM, reduced vertical separation
minima).
Na prática, isso significa que
os aviões que estão voando em
um Flight Level fixo e monitorado
por seus altímetros barométricos,
costumam variar a sua altitude real,
subindo ou descendo ligeiramente
conforme cruzam zonas de baixa ou
alta pressão na atmosfera (mu-
danças repentinas podem causar
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