Aero Magazine - Edição 318 (2020-11)

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indicada, adota-se como padrão
três mil pés sobre o aeródromo
de partida.

DISTÂNCIA DO SOLO
Como a altitude barométrica
indica a altura do avião em
relação ao nível médio do mar,
ela não tem relação direta com
a distância para o terreno que
se está sobrevoando. Um avião
que passa sobre o Aeroporto de
Brasília cruzando em FL 100
está a cerca de 10 mil pés (3.048
metros) acima do nível do mar,
mas somente a 6.500 pés (1.982
metros) de distância do solo, já
que o próprio aeroporto está si-
tuado em uma elevação superior
a mil metros do nível do mar.
Sobrevoando regiões monta-
nhosas, como os altiplanos dos
Andes ou os picos do Himalaia,
essa diferença se torna ainda
mais acentuada.
Em situações de voo noturno
ou com baixa visibilidade, é de
grande ajuda para o piloto saber

a altura real em relação ao solo
em que seu avião se encontra.
Por isso, ainda nos anos 1920, o
norte-americano Lloyd Es-
penschied inventou o primeiro
rádio-altímetro, um instrumento
que usa a medição do tempo de
retardo no retorno de ondas de
rádio emitidas pela aeronave em
direção ao solo para calcular a
distância do terreno. Os primei-
ros modelos funcionais foram
desenvolvidos pela Bell Labs e
começaram a ser instalados em
aviões por volta de 1938.
Os rádio-altímetros perdem
precisão à medida que o avião
se afasta do solo. Por isso, eles
raramente são usados como refe-
rência quando o aparelho está a
mais de três mil pés (915 metros)
de altura em relação ao terreno.
Mas são equipamentos funda-
mentais nos sistemas de pouso
por instrumentos (instrument
landing systems), em especial
nos ILS de categoria II e III, que
comandam automaticamente o
arredondamento do pouso (fla-
re) quando o avião se encontra
a 65 pés (20 metros) de altura
em relação à pista. Além disso,
os rádio-altímetros são a base
dos sistemas GPWS de alerta de
proximidade de terreno (ground
proximity warning system) – que
começaram a surgir nos anos
1970 e hoje são de uso obrigató-
rio em aeronaves comerciais.

ALTITUDE POR SATÉLITE
Nas últimas duas décadas,
tornou-se cada vez mais comum
o uso em aviação do sistema
norte-americano GPS (Global
Positioning System), com auxílio
do qual a localização instantânea
da aeronave pode ser determi-
nada pela triangulação de dados

movimentos bruscos). Mas isso
não chega a ser um problema, já
que todos os demais aviões nessa
mesma região farão exatamente
o mesmo movimento, con-
servando, assim, as distâncias
seguras de separação vertical.
Além disso, do ponto de vista do
comportamento aerodinâmico
da aeronave, o que importa de
fato é a pressão atmosférica, e
não a altitude real.
Em alguns espaços aéreos ao
redor do mundo houve a decisão
de padronizar um valor para a
altitude de transição TA. Nos
EUA e no Canadá, por exemplo,
ela fica a 18 mil pés; no Japão, a
14 mil pés; na Austrália, a 10 mil
pés. Dentro da União Europeia,
Alemanha e Espanha, adotaram
seis mil pés (com exceção de
algumas áreas) enquanto nos
Países Baixos a TA está a três
mil pés. No Brasil (como em boa
parte do mundo), a TA é deter-
minada pelos controles aéreos de
cada região. Caso ela não esteja

Os rádio-altímetros usam pulsos de ondas eletromagnéticas para calcular a distância entre o avião e o
solo. São fundamentais nos pousos por instrumentos e nos sistemas de alerta de proximidade de terreno.

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