64 |^ MAGAZINE^318
FAA, que, após pressão do Con-
gresso e lobbies de fabricantes,
admitiu conceder a condução de
quase todo o processo de certifi-
cação ao fabricante do avião. O
argumento era até válido, pois
o construtor assumia que havia
cumprido todos os requisitos
de homologação e enviava a
documentação necessária às auto-
ridades de aviação dos Estados
Unidos. Era pouco provável que
um fabricante fosse mentir sobre
um processo, o que, aliás, nunca
ocorreu. Mas, no caso do MAX, a
Boeing se valeu de uma certifi-
cação válida do 737 e adicionou
apenas atualizações que julgava
pertinentes.
O escândalo levou à criação
de uma investigação parlamen-
tar no Congresso dos Estados
Unidos, que teve até o depoi-
mento do então CEO da Boeing,
Dennis Muilenburg. No fim, ele
admitiu que a empresa aprendeu
com seus próprios erros e a FAA
iniciou uma revisão minuciosa do
projeto. Para se ter uma ideia da
análise meticulosa, até a posição
da cablagem, que era a mesma
desde o 737-100, foi questionada
pelos investigadores.
A revisão dos procedimentos
de treinamento, alvos de ques-
tionamentos em todo o mundo,
revelou-se o processo mais longo
e difícil. Na teoria, a transição
entre o 737 NG e o 737 MAX era
simples, exigindo um conheci-
mento básico de algumas funções
e da posição dos novos displays.
Como se viu, não era bem assim.
Nas investigações do Congresso,
membros da comissão chegaram
a perguntar à Boeing por que a
sigla MCAS aparecia uma única
vez no manual do avião, ainda
assim, no glossário – sim, havia
no glossário um termo que nem
sequer era citato no manual.
Uma mudança do 737 MAX
que parece certa, ao menos
por exigência da EASA, será a
instalação de um terceiro sensor
de ângulo de ataque, com um
software dedicado, que deverá
trabalhar em conjunto com o
sistema mecânico atual. O novo
sistema deverá ser adicionado
em todos os 737 MAX a partir de
2022, inclusive como retrofit nos
aviões em serviço. Além disso,
o novo sistema será requisito de
certificação do 737 MAX 10. Se
tudo correr conforme o previsto,
apesar do enorme revés do pro-
grama, os pilotos estão confiantes
que a nova versão do 737 atingirá
um sucesso ainda maior do que
seus antecessores assim que se
provar seguro.
Pilotos já retomaram os
voos em simulador com
treinamento aprovado
pelas autoridades