Aero Magazine - Edição 318 (2020-11)

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os militares constataram que o
motor precisaria de mais potência.
Assim, o novo avião recebeu o
Lycoming IO-540-K1D5, uma ver-
são com 300 cavalos de potência
impulsionando uma hélice bipá
de velocidade constante. Feitas as
mudanças, a Aeronáutica assinou
um contrato para a aquisição ini-
cial de 150 unidades do T-25.
Em 1973, após dois anos de
utilização no Centro de Formação
de Pilotos Militares (CFPM), em
Natal, no Rio Grande do Norte,
finalmente o Neiva Universal T-25
chegou à AFA, onde permanece
até hoje em operação. Até 1978,
quando o Cessna T-37 foi desa-
tivado, ele serviu ao treinamento
básico dos cadetes. Durante os seis
anos seguintes, o Universal T-25
equipou o Primeiro Esquadrão
de Instrução Aérea, o que mudou
em 1984, com a chegada dos T-27
Tucano. A partir daquele ano, o
Universal retornou à instrução
primária, substituindo os Aerotec

Uirapuru T-23 (apelidados “Za-
rapa”), aeronaves que por muitos
anos equiparam inúmeros aero-
clubes no Brasil (leia mais na ma-
téria da página 66). Hoje em dia,
mais de 90% dos pilotos da FAB
atuando em esquadrões opera-
cionais (transporte, patrulha, asas
rotativas, reconhecimento, busca
e salvamento ou caça) começaram
suas carreiras no Universal T-25.

SEGREDO DA LONGEVIDADE
A manutenção é certamente um
dos segredos da longevidade
do Universal T-25. O tenente-
-coronel especialista em aeronave
Antonio Moacir Fassi, atual chefe
do esquadrão responsável por
cuidar do longevo monomotor,
trabalha nele diretamente desde
1999 e gosta de compará-lo com
o simpático Fusca, outro ícone
da indústria brasileira, pela idade
do programa. “É uma aeronave
antiga e precisamos fazer manu-
tenções a cada 50 horas de voo.

Só para efeito de comparação, o
T-27 Tucano realiza manutenções
a cada 150 horas. Fazemos trocas
de FOV (as iniciais em portu-
guês para filtro, óleo e velas), um
processo que leva em média dois
dias”, explica o oficial.
Cada componente da aero-
nave tem sua periodicidade para
manutenção. “O trem de pouso,
por exemplo, certamente uma das
partes que mais sofre nas mãos de
quem está aprendendo a pousar,
precisa ser feito a cada 100 horas.
Para isso, existe no esquadrão
um software chamado SILOMS
(Sistema Logístico de Materiais
e Serviços), que controla a época
que cada aeronave precisa entrar
em manutenção. A cada 1.200
horas, encerra-se um ciclo, no
qual o T-25 é revisado 24 vezes em
todos os seus componentes. Nessa
revisão mais complexa, a aeronave
fica 21 dias fora do voo”, acrescen-
ta Moacir.
Em Minas Gerais, o Parque
de Material Aeronáutico de Lagoa
Santa (PAMA-LS) se encarrega da
manutenção geral do Universal. A
AFA conta com 35 aeronaves T-25
disponíveis para o 2º EIA. Em
Lagoa Santa, estão alocadas outras
24, nos mais variados estados de
conservação, que podem ser utili-
zadas como fontes de componen-
tes para aquelas que permanecem
em Pirassununga. O coronel Moa-
cir evita utilizar o termo “caniba-
lização”. Para ele, trata-se de uma
“remoção controlada de itens”.
Originalmente, a chamada Ins-
peção de Nível Parque Programada
(INPP) precisaria ser realizada
quando a aeronave completasse
1.800 horas de voo ou cinco anos
de uso (o que ocorresse primeiro).
Mas, no final dos anos 1960, a
expectativa de utilização do avião

Os tripulantes se
sentam lado a lado no
cockpit, com o piloto à
esquerda e o instrutor
do lado direito

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