Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

Brasil S/A


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Economia
domingo, 22 de novembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

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Autor: por Antonio [email protected]


Futuro assombradoO Brasil tem futuro, ouvimos desde
sempre, enquanto o idealizado futuro de prosperidade
teima em frustrar cada geração. Mais uma, a do pós-
guerra, vai-se indo, a nascida nos anos rebeldes de
1960 está chegando ao apogeu e... nada. O processo
civilizatório segue interrompido, como as mais de 50 mil
obras inacabadas país afora.


O mundo avançou, os países que estavam atrás de nós
nos anos 1980, quando aqui teria havido um tal "milagre
econômico", tomaram-nos a dianteira. Um deles, a
China, em breve, deverá superar os EUA como
superpotência e em 2025 sua economia já será maior
do que a do Japão, Alemanha, França, Itália e Canadá
reunidos. E nem mais temos, ao menos, a Seleção e o
Ayrton Senna para afagar a estima nacional.


A cada solavanco do país, provocado seja por eventos
externos, como a pandemia da covid-19 este ano e a
grande crise de Wall Street em 2008, seja por causas


internas, como os surtos inflacionários antes da reforma
monetária de 1994 e o impeachment de Dilma em 2016,
há o viés mal disfarçado como torcida de retorno à
"normalidade". Qual?

Os indicadores da economia perdem viço a cada
recessão, adiando a redenção social para a maioria da
população que nasce e morre com a carteira de trabalho
em branco. Só lhe resta o mercado informal.

Assim estamos agora, com a economia saindo do
baque das medidas de isolamento social. O ministro da
economia da vez vende otimismo no noticiário,
empresários falam de falta de insumos, o dólar humilha
o real, a inflação dá as caras, os operadores de papéis
da dívida pública e seus economistas se descabelam,
cada qual encenando o seu papel: encurralar o Banco
Central, para desistir dos juros baixos, e cobrar o
governo e os políticos para enxugar os gastos públicos.

O que está acontecendo e o que vai acontecer depois
da pandemia?

Para o bem, anote-se que o presidente do Banco
Central, Roberto Campos Neto, está certo ao dizer
que a inflação subiu pontualmente e tende a desinflar,
se o gasto público excepcional devido às ações contra a
pandemia sair de cena ao fim do ano, como manda a
lei.

É certo esperar. A Selic a 2% ao ano é essencial para a
rolagem da dívida do Tesouro, que saltará de 75,8% do
PIB em 2019 para 91,5% este ano, não entrar em
parafuso. Dívida alta pede juro baixo, que não tem
razão de subir com a inflação próxima da meta e a
atividade econômica e o emprego ainda deprimidas.

O fosso que só se alargaPara o mal, anote-se que a
retomada da economia se dá sobre uma base que
encolha a cada retrocesso, além de a expansão ocorrer
em setores cuja produtividade é baixa, como serviços,
ou que geram pouco emprego e pouca receita tributária,
como o agronegócio.
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