Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

Paulo Delgado


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Mundo
domingo, 22 de novembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Produto Interno Bruto

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Autor: [email protected] Com Henrique
Delgado


POPULISMO AUTORITÁRIO NOS EUA


A arrastada confusão em torno do resultado das
eleições americanas pode ser vista como psicanálise
pura: narcisismo ferido de quem tem baixa tolerância à
frustração. No fim das contas, as instituições vão
funcionar. Mas, não é só isso. A desilusão existe porque
a ela precedeu uma ilusão. Iludidos e desiludidos
passaram a conhecer mais seus ídolos. Como ocorre
com a desmistificação que é ver o prefeito da política de
"tolerância zero", em Nova York, fazer o papel de
advogado intolerante diante da eleição perdida.


O The Wall Street Journal, que é o mais respeitado dos
jornais simpáticos a Trump, relatou a preocupação de
que suas chicanas estejam dando falsas esperanças a
milhões de seus apoiadores. No entanto, a preocupação
não é dar falsas esperanças; e, sim, o que se propõe
fazer com elas. Trump coloca-se claramente aberto a


uma aventura autoritária. Seu grupo não liga se ganhou
ou não a eleição. Adiciona-se a isso a peculiaridade de
alguém que construiu sua vida por meio do litígio e sabe
que, após a presidência, corre o risco de perder
bastante coisa na Justiça.

Sua intuição é de que basta que centros de poder nos
estados resolvam embarcar na aventura conspiratória
para melar o jogo. É aí que a providência tem
bloqueado a audácia antidemocrática. Seu grupo tem
minguado, desconfiado que uma aventura autoritária
teria riscos demais.

A porta é cada vez mais estreita, mas segue aberta. Na
terça-feira, Nevada e, amanhã, Michigan e Pensilvânia
certificarão seus resultados. Ao confirmarem as urnas,
tornarão a porta ainda mais estreita. Mas ela só se
fecha mesmo quando for jogada a toalha.
Provavelmente entre 14 de dezembro, quando o Colégio
Eleitoral declara seus votos, e em 6 de janeiro, quando
os votos são lidos no Congresso. Mas, a característica
ruim da estratégia "Vai que cola?" é a de perpetuar a
caravana de insensatez, em que o pessoal torna-se
perigoso.

De todo modo, é surpreendente que existam, de fato,
cenários traçados sobre o que os EUA vão fazer, caso
Trump decida chegar a 20 de janeiro sem conceder a
derrota. É a primeira experimentação na história de um
populismo carismático autoritário nos EUA. Encontrou,
de fato, milhões de apoiadores. Num país com tanto
poder e orgulho, o viés autoritário sempre foi presente.
Mas há uma fórmula bem bolada de direcionar esse viés
para o exterior. Trump o trouxe para casa. E é dessa
perspectiva que devemos entender por que o flerte
autoritário tornou-se real dentro dos EUA.

Em 1973, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do
Brasil cresceu 11,3%. Era o fim do milagre econômico.
Na seara da observação internacional do Brasil, foi
publicado um estudo do espanhol nascido na Alemanha
e radicado nos EUA, Juan Linz, que deu a dica de que a
trajetória brasileira estava encaminhada à mudança.
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