Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

Análise das eleições


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: » SACHA CALMONAdvogado


Se há análise mais perfeita das eleições municipais,
desconheço. Fico com Malu Delgado e Ricardo
Mendonça, a quem peço licença para replicar em suas
melhores partes. Primus: a pulverização partidária, a
ascensão do DEM como grande força de direita, a
ressurreição da esquerda sem a hegemonia petista e a
derrota do bolsonarismo foram as principais marcas das
eleições municipais.


Foi um pleito com características bastante distintas do
anterior, em 2018, quando postulantes que negavam a
política se elegeram nos estados e despontaram como
novas lideranças no Congresso, puxados pelo
radicalismo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Desta
vez, os eleitores privilegiaram nomes já conhecidos e
com experiência pública. Para o cientista político
Leonardo Avritzer, esses movimentos políticos apontam
para um "pós-bolsonarismo" em 2022.


Secundus: o DEM é um dos partidos que mais saem
fortalecidos: venceu no primeiro turno em três capitais --
Florianópolis, Curitiba e Salvador -- e disputa o segundo


turno no Rio, com Eduardo Paes. Em São Paulo, Bruno
Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSol) disputarão o
segundo turno.

O vencedor com maior votação proporcional nas
capitais foi Alexandre Kalil (PSD), em Belo Horizonte.
Com 63,5% dos votos válidos, informação compatível
com a pesquisa de boca de urna. Quem venceu foi Kalil.
Ninguém perguntou pelo seu partido. A maioria nem
sabe.

No grupo dos candidatos eleitos em primeiro turno
apoiados por prefeitos em fim de mandato, o maior
destaque foi Bruno Reis (DEM), em Salvador,
apadrinhado pelo prefeito ACM Neto. O presidente Jair
Bolsonaro é o maior derrotado do primeiro turno das
eleições nas capitais. Não apenas pela baixa votação
dos candidatos mais alinhados a ele, como pelo perfil
dos partidos e dos candidatos com melhor desempenho.

À direita, o DEM é o partido mais desalinhado do
presidente. Seu desempenho contrasta com o do PP,
maior aliado do bolsonarismo, que passou ao segundo
turno à frente apenas em Rio Branco e João Pessoa,
capitais pequenas.

A redução do auxílio emergencial de R$ 600 para R$
300, em outubro, acelerou a desidratação de Bolsonaro.
Sua popularidade caiu 10 pontos percentuais em
capitais como o Rio.

O Valor, também, analisa com propriedade as eleições
municipais. Apesar de ter perdido 270 prefeituras em
todo o país na comparação com a eleição passada -- de
1.044 prefeitos eleitos em 2016 para 774 até agora --, o
MDB continua sendo o partido com o maior número de
prefeitos em todo o Brasil. O domínio é garantido graças
à sua liderança isolada no numeroso grupo dos
micromunicípios, 3.028 localidades com menos de 10
mil eleitores, áreas muitas vezes tratadas
depreciativamente no meio político como grotões.

Dados levantados pelo Valor Data mostram que o MDB
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