Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

Visto, lido e ouvido


Banco Central do Brasil

Correio Braziliense/Nacional - Opinião
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Circe Cunha (interina) //
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Qualificar o voto e o eleitor


No Festival de Besteira que Assola o país na área
política, ou mais resumidamente (Febeapá), o que parte
da população é obrigada a presenciar, desde o retorno
do regime democrático nos anos 1980, não deixa
margem para dúvidas de que estamos sendo
representados, desde então, pelo que somos, em
síntese, como povo e cultura. Ou, pelo menos, do que
deixamos de ser, por uma negligência histórica.


Dessa constatação, que, para alguns, pode ser até
chocante, podemos presumir que aquela parcela da
sociedade que ainda insiste em ter os olhos postos
sobre a realidade do país, essa é, talvez, uma situação
que vai perdurar enquanto não for solucionado na base,
ou seja, no próprio seio do eleitorado, o problema da
carência crônica do ensino público.


Enquanto perdurar a insuficiência na educação e na
formação dos brasileiros, não há como aperfeiçoar o


modelo de representação política e, principalmente, o
perfil dos representantes. Em outras palavras, o que se
pode deduzir dessa premissa é que um país carente de
educação não pode, em hipótese alguma, possuir um
modelo bem desenhado de democracia.

Essa relação estreita entre democracia e educação é
facilmente observável na maioria dos países
desenvolvidos que investiram pesado no ensino público,
tanto no aspecto material quanto no aperfeiçoamento e
na valorização plena dos profissionais desta importante
área.

E esse foi um projeto de prazo bem longo. Com isso,
fica patente que ainda teremos muito caminho a
percorrer até atingirmos um modelo próximo do ideal de
democracia moderna, funcional e, o que é mais
importante, calcada em princípios éticos sólidos e
amplamente aceitos por todos. É preciso que fique
claro, também, que não basta somente um conjunto de
leis, elaborado por uma minoria douta e imposto de
cima para baixo aos indivíduos pouco esclarecidos,
ainda mais quando se sabe que a maioria dos
brasileiros não consegue compreender, uma linha
sequer, do que está escrito em nossos alfarrábios de
leis.

É graças à carência na educação pública de muitos e
dos eleitores, em particular, que se assiste à
perpetuação de uma classe política que está na raiz de
nosso subdesenvolvimento crônico. Talvez, por isso
mesmo, qualquer projeto de educação sério e de longo
prazo jamais tenha vingado em nosso país. Há séculos,
percorremos o que parece ser um caminho circular que
nos remete sempre ao mesmo ponto de partida.

Na verdade, há um projeto implícito de manutenção de
uma multidão de iletrados como forma de assegurar a
longevidade desses grupos políticos dominantes. Não é
por outro motivo que os clãs familiares se repetem no
poder, numa transição monótona e lesiva aos
brasileiros.
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