Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

CELSO MING - Mais globalização em resposta à crise mundial


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: CELSO MING


Tão negada e rejeitada nos quatro anos de governo
Trump, a globalização volta a galope.


A pandemia já é, por si só, uma demonstração de sua
força. O vírus se disseminou pelas viagens, pela
imigração, pelos encontros de negócios, pelos
congressos e eventos internacionais. E é também pelas
vacinas - mais de 200 em desenvolvimento no mundo -
que será dizimado.


Até mesmo antes do presidente Trump, a globalização
foi atacada pelos líderes nacional-populistas que
vicejaram em muitos países. Mas foi Trump que reuniu
mais instrumentos para tentar abatê-la. Declarou que
implantaria os interesses dos Estados Unidos na frente
de quaisquer outros, mesmo que fossem mundiais;
onde conseguiu, reimplantou o protecionismo nos
negócios e destruiu acordos comerciais; combateu a
imigração por meio da construção de muros e da
negação de vistos de entrada no país; esvaziou a ação
de organismos multilaterais, como a Organização das
Nações Unidos (ONU), a Organização Mundial da


Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Comércio
(OMC); e decretou nova guerra fria contra a China.

Com essa estratégia isolacionista pretendeu criar
condições para o retorno de fábricas aos Estados
Unidos que tinham migrado para o exterior em busca de
melhores condições de produção. E, também, assegurar
a recuperação de postos de trabalho e de melhores
condições salariais para os trabalhadores americanos.

Fracassou. O déficit comercial dos Estados Unidos não
foi reduzido, ao contrário, aumentou. As fábricas não
voltaram, os salários se achataram e o patrimônio
familiar da classe média foi corroído pelos juros
negativos.

A maior demonstração desse fracasso foi a derrota nas
eleições presidenciais justamente no chamado Cinturão
da Ferrugem (do qual participam os Estados de
Wisconsin, Pensilvânia e Michigan), que se tornara
cemitério de indústrias a céu aberto.

O novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
promete uma reviravolta nessas políticas. Promete
coordenar uma frente internacional de combate ao vírus
e restabelecer a estratégia multilateralista nas suas
relações comerciais com outros países. Para isso,
anuncia a reativação da Parceria Transpacífico,
boicotada por Trump. E levar a sério uma política
mundial de ataque ao aquecimento global, também
esvaziada pelo adversário republicano. Um dos seus
projetos é liderar uma ordenada substituição de
combustíveis fósseis por combustíveis limpos na matriz
energética dos Estados Unidos.

O mundo dos negócios perdeu centenas de bilhões de
dólares com a pandemia porque teve de enfrentar o
isolamento do consumidor e a retração da atividade
econômica. E, também, pela desorganização das
cadeias globais de produção e distribuição. Mas, nisso,
perdeu mais por falta de coordenação global do ataque
à pandemia do que por imprevidência administrativa dos
dirigentes de empresas.
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