Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

'O maior erro dos investidores é excesso de confiança


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Economia
domingo, 22 de novembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Caderneta de poupança

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Autor: José Fucs


ENTREVISTA


Richard Thaler, prêmio Nobel de Economia


O economista americano Richard Thaler, de 75 anos,
prêmio Nobel de Economia em 2017, é um dos
expoentes da chamada "economia comportamental, a
corrente que estuda os efeitos da psicologia nas
decisões econômicas. No bestseller Nudge - Um
Pequeno Empurrão, escrito em parceria com o jurista
Cass Sunstein e publicado em 2009, Thaler questiona a
premissa de que os indivíduos tomam decisões
econômicas de forma racional - adotada como verdade
absoluta pelos economistas clássicos e neoclássicos - e
apresenta um roteiro para ajudar a prevenir as escolhas
erradas que fazemos em nossas vidas.


Nesta entrevista ao Estadão, realizada por e-mail,
Thaler fala sobre como a pandemia está mudando o
comportamento das pessoas e como isso vai moldar o
mundo daqui para a frente. Fala também sobre os erros
cometidos pelos investidores e sobre o que fazer para


evitá-los. "O maior erro que os investidores cometem é
o excesso de confiança", afirma Thaler, que dará uma
palestra por vídeoconferência amanhã, no Congresso
Brasileiro de Mercado de Capitais, promovido pela B3 e
pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiros e de Capitais (Anbima).

Como a pandemia afetou o nosso comportamento
econômico e social e de que forma isso pode moldar as
nossas vidas no futuro?

A pandemia é um momento determinante para o mundo.
Desde o começo de março, a vida mudou para a
maioria de nós. Tornou-se um teste para todos. Eu
mesmo fui atingido em muitos aspectos por ela.
Primeiro, a doença está tornando as nossas sociedades
já desiguais ainda mais assimétricas. Nos Estados
Unidos, as classes mais educadas não estão sofrendo
muito, a não ser quando contraem a doença. As
pessoas estão trabalhando em casa e lutando para
educar os próprios filhos e cozinhar as suas próprias
refeições. Mas, para a maioria, os meios de vida não
foram ameaçados. Os mais abonados estão até
reforçando a poupança, porque não têm em que gastar
seu dinheiro.

No caso dos menos privilegiados, como foi o impacto da
pandemia?

Os que trabalham na área de serviços, especialmente
em restaurantes, hotéis e companhias aéreas, sofreram
um duro golpe financeiro, e os profissionais de saúde
que estão atuando na linha de frente da pandemia estão
arriscando as suas vidas diariamente para cuidar dos
doentes. Com certeza, trata-se de um grande teste para
qualquer líder político e alguns estão claramente se
dando melhor do que outros. Não consigo me lembrar
de outra época em que tenha havido tanta incerteza.
Todos nós estamos vivendo um dia de cada vez - e é
provável que continue assim pelo menos por mais um
ano, até surgirem vacinas para combater o vírus. São
tempos assustadores.
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