Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

Em dia de luto, Bolsonaro refuta debate racial


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Noticias
domingo, 22 de novembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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Na abertura do G-20, o presidente Jair Bolsonaro fez
referência à morte do negro João Alberto Freitas,
ocorrida na quinta-feira em Porto Alegre. 'Há tentativas
de importar para o nosso território tensões alheias à
nossa história', disse. No sepultamento de Freitas, uma
faixa pedia 'Justiça'.


Em meio à repercussão negativa no Brasil e em outros
países da morte de um homem negro em um
supermercado de Porto Alegre, na noite de quinta-feira,
19, o presidente Jair Bolsonaro abriu seu discurso na
cúpula do G20 - o grupo das 20 maiores economias do
planeta - abordando o racismo. Pedindo licença às
demais autoridades participantes do evento virtual para
tratar do tema, que é estranho à cúpula, Bolsonaro
defendeu que não existe 'cor de pele melhor do que as
outras'. Ativistas do direito dos negros reagiram à
afirmação presidencial.


Em sua fala, Bolsonaro disse que gostaria de fazer uma
'rápida defesa do caráter nacional brasileiro em face das
tentativas de importar para o nosso território tensões
alheias à nossa história'. Segundo ele, o Brasil é um
país miscigenado e 'foi a essência desse povo que


conquistou a simpatia do mundo'. 'Contudo, há quem
queira destruí-la, e colocar em seu lugar o conflito, o
ressentimento, o ódio e a divisão entre raças, sempre
mascarados de 'luta por igualdade' ou 'justiça social'.
Tudo em busca de poder', afirmou o presidente no
discurso. A cúpula do G20 está sendo organizada pela
Arábia Saudita.

Por causa da pandemia, as discussões entre as
autoridades têm ocorrido virtualmente. Bolsonaro já
havia se pronunciado na sexta à noite, pelas redes
sociais, sobre as tensões que surgiram após o crime em
Porto Alegre. Na ocasião, o presidente sugeriu que
estava ocorrendo manipulação política do caso. 'Como
homem e como presidente, sou daltônico: todos têm a
mesma cor', escreveu no Twitter.

Na noite de quinta, João Alberto Silveira Freitas, um
homem negro de 40 anos, foi espancado e assassinado
por dois homens brancos em um supermercado
Carrefour, na zona norte de Porto Alegre. Vídeos do
espancamento rodaram o mundo. Simbolicamente, o
caso ocorreu na véspera do Dia da Consciência Negra,
comemorado em 20 de novembro.

Apesar da forte repercussão no Brasil e na imprensa
internacional, outras autoridades do governo adotaram
discurso que questiona a existência de racismo no País.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou na sexta
que 'não existe racismo no Brasil'. Já o presidente da
Fundação Palmares, Sérgio Camargo, afirmou que 'não
existe racismo estrutural no Brasil; o nosso racismo é
circunstancial'.

No discurso deste sábado no G20, Bolsonaro adotou a
mesma linha. 'Não somos perfeitos. Temos, sim, os
nossos problemas. Existem diversos interesses para
que se criem tensões entre nós', afirmou Bolsonaro. 'Um
povo unido é um povo soberano. Dividido é vulnerável.
E um povo vulnerável pode ser mais facilmente
controlado e subjugado. Nossa liberdade é inegociável',
acrescentou.
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