Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
domingo, 22 de novembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central

cargo para si e para os seus. Essa mentalidade
tradicional e cultural não mudou muito.


Efetivamente, se tivesse de voltar ao início, eu teria
insistido muito no papel do treinamento e da formação
de todos os dirigentes e de todos os funcionários em
áreas estratégicas.


Também acredito que as pessoas precisam circular
mais entre o setor público e o privado. Quanto mais
circulação houver, mais mudarão as formas de pensar,
sentir e agir.


A persistência cultural é o que explica as poucas
demissões por mau desempenho mesmo depois da
reforma? Exatamente. Eu dou, inclusive, o meu
exemplo. Fui diretor de uma faculdade pública.
Conhecia os funcionários que poderiam ir para casa,
porque não agregavam nenhum valor.


A lei permitia que, perante duas avaliações negativas
seguidas ou três intercaladas, eu pudesse abrir um
processo disciplinar e, com base disso, demitir a
pessoa. Mas nunca tinha coragem de fazer isso.
Enquanto o administrador de empresa privada, se não o
fizesse, ficaria mal, no setor público, se o fizer, se torna
um homem sem coração.


O governo brasileiro também tenta promover uma
reforma administrativa. O sr. acredita que tem
chances de aprová-la? Acho que o Brasil não chegou ao
fundo do poço, em termos de suas finanças públicas,
como Portugal havia chegado. Além disso, ao contrário
de vocês - que são limpais que não está integrado em
uma comunidade econômica como nós - , nosso
orçamento há que ser aprovado no nosso país e,
depois, vai a Bruxelas para ver se passa. Essa pressão,
com os outros países do bloco com os olhos sobre nós,
contribuiu para nossa reforma.


E a ausência desse fator não facilita vossa reforma.


Outra coisa é que instalou se na administração pública
brasileira o tipo de tranquilidade herdada de Portugal e
dos franceses [em que rendimentos são considerados


direitos adquiridos] e, consequentemente, não há um
élan para mudar. Por isso, o governo está a apresentar
uma proposta que não afeta ninguém daqueles que já
estão. É só no futuro.

Em Portugal, a reforma foi para o futuro e para os que já
estavam. Minha pensão, sem a reforma, seria de 7.000
e tal euros por mês, e, neste momento, é de? 5.300 [R$
33.700] por mês. Eu perdi cerca de? 2.000 [R$ 12.700]
por mês, fruto da reforma que eu próprio promovi.

Tenho muito orgulho disso porque foi uma forma de
contribuir para a sustentabilidade do nosso sistema
público de pensões. Mas tem muitos outros que não
compreendem. Minha esposa brinca dizendo que dei
um tiro no meu próprio pé.

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