Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas

tivesse uma aula como eu tive hoje, eu não teria sido
estuprada no passado.”


Apesar dos desafios impostos pelo distanciamento
social e pela retração econômica, ele diz ter conseguido
manter os 25 funcionários de seu quadro por meio de
uma reestruturação do modelo de negócio. A destreza
para lidar com os desafios do próprio empreendimento
em meio a uma crise prolongada, no entanto, não o
deixou menos sensível às perdas de terceiros.


“Fiquei muito angustiado não só pelo que a gente
passou, mas por ver muita gente quebrando. Muitas
empresas no Brasil estão operando no limite. Isso me
entristeceu, porque...”, diz, antes de ter a fala
interrompida pelo próprio choro.


“Eu, como empresário, consigo entender essa luta diária
das pessoas para fazer sobreviver os seus negócios",
retoma, e cita como exemplo um shopping conhecido
por ele que fechou cerca de 60 lojas, das quais a maior
parte tinha aposentados como proprietários. “São
pessoas que pegaram o que acumularam a vida inteira
para ter uma renda extra.”


Seguindo protocolos de segurança, a academia de jiu-
jitsu voltou a receber alunos presencialmente há dois
meses. Já a data de volta aos palcos e estúdios é
incerta.


O ator foi um de tantos que não tiveram o contrato
renovado com a Rede Globo neste ano. A emissora tem
adotado acordos por trabalho, e não mais por tempo
prolongado.


Com isso, os artistas não estão mais sujeitos a
exclusividade —Malvino, por exemplo, já tem tratativas
para dois projetos fora do canal.


“Só tenho a agradecer todo o tempo que eu passei na
Globo. Fiz sete novelas em sete anos, era uma coisa
meio visceral de estar lá sempre. Isso eu guardo com
muito carinho”, afirma. É com a mesma leveza que ele
encara a mudança contratual, a qual vê como um sinal
dos novos tempos. “O lado positivo que eu vejo disso é
a possibilidade de estar atuando em outras frentes. Me
abre o leque.”

Nascido na capital amazonense, onde viveu até os 25
anos, ele se diz muito ligado à natureza. “Quando vou
para Manaus, a primeira coisa que eu faço é dar um
mergulho no rio. A floresta amazônica é tão exuberante
que você guando adentra aquilo ali... E uma energia
única. Você se sente pequenininho. A floresta está no
meu sangue, está na minha pele.”

Mas o ator muda o tom ao falar sobre a atuação do
governo para proteger o bioma, a qual descreve como
leviana. “A gente sabe que é difícil, que o país é muito
grande, a floresta é muito grande. Mas, ao mesmo
tempo, quando você chega diante de uma TV e não se
mostra comprometido com essas questões, é muito
ruim."

Ao longo da conversa, Malvino não cita nem um nome
de político sequer. Ele, porém, não esconde seu
descontentamento ao ser perguntado sobre Jair
Bolsonaro, em quem votou para presidente em 2018.

“Não sou daquela coisa de me abster, votar em branco
ou nulo. Acho que a gente precisa votar. O meu voto
naquele momento foi um voto pragmático, foi uma
escolha que eu fiz diante do que eu via, da minha
insatisfação com quem podería entrar no poder [PT]”,
afirma. “Mas isso não quer dizer que eu apoie a outra
pessoa [Bolsonaro].” *
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