Antídoto contra o golpe
Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Bruno Boghossian
brasília Autoridades responsáveis pelo planejamento
das próximas eleições já consideram inevitável uma
investida do grupo político de Jair Bolsonaro contra o
processo de votação em 2022. Ministros de tribunais
superiores começaram a trabalhar para conter a
tentativa crescente de desacreditar esse sistema.
A contestação sem provas da estrutura de votação no
primeiro turno das eleições municipais foi o sinal de que
a orquestração começou. Ainda no domingo (15),
informações falsas sobre a segurança das urnas
nasceram no submundo das redes e foram abraçadas
por políticos da base radical do presidente.
A semana terminou com um dos ataques mais intensos
e infundados do próprio Bolsonaro contra as eleições.
"Fui roubado demais", disse o presidente a apoiadores,
na sexta (20), sobre a disputa que ele mesmo venceu
em 2018. "Ninguém acredita nesse voto eletrônico",
declarou.
Bolsonaro trabalha numa enganação preventiva. Sem
nenhum elemento além de textos conspiratórios e
imagens falsas, os aliados do presidente preparam
terreno para contestar uma eventual derrota em sua
corrida pela reeleição.
O roteiro ficou claro para os ministros que vão organizar
a disputa de 2022. Não é coincidência que o presidente
do TSE, Luís Roberto Barroso, tenha citado a
participação de "milícias digitais" com "motivação
política" nos ataques feitos ao tribunal na semana
passada.
A ação desse ano abriu uma brecha para a busca de
um antídoto contra potenciais tentativas de subverter o
resultado da próxima eleição. Investigadores vão buscar
vínculos entre personagens da órbita de Bolsonaro e a
construção de um mecanismo para difundir o discurso
falso de fraude eleitoral.
Ministros acreditam que essa é a única maneira de
travar o processo artificial de erosão da confiança na
votação. Sem isso, eles dizem que os ataques sem
provas vão continuar. Se Bolsonaro for derrotado, a
ação de radicais bolsonaristas pode terminar nos
tribunais.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
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