ANALÍTICO - Recife ê o epicentro do racha, de difícil reconciliação, da
esquerda
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O Globo/Nacional - País
domingo, 22 de novembro de 2020
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: EDUARDO BRESCIANI
E simbólico que no segundo turno das eleições deste
ano a disputa na capital de Pernambuco seja a maior
ameaça a uma união da esquerda em 2022.
Foi no Recife que há oito anos surgiu um embrião do
racha atual. Então governador, Eduardo Campos
decidiu romper a aliança com o PT, que governava a
cidade desde 2001, e lançou Geraldo Júlio (PSB) à
prefeitura da capital.
Vitorioso, acelerou o processo de construção de sua
candidatura presidencial como alternativa ao PT,
ignorando os apelos do expresidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que lhe prometia apoio caso deixasse a
postulação para o futuro.
Eduardo Campos disputou a eleição de 2014
demonstrando que o PT não era mais hegemônico na
esquerda. Uma fatalidade tirou sua vida, e Marina Silva,
que assumiu a candidatura não teve forças para chegar
ao segundo turno.
Mas a semente do debate na esquerda sobre a
hegemonia no PT já estava lançada. Se o próprio
Campos, que em 2010 impediu Ciro Gomes de disputar,
tinha rompido com o PT, os aliados se sentiram no
direito de também tratar seus planos de forma
independente da principal legenda do campo político.
Foi assim que o PDT encampou o projeto de Ciro
Gomes em 2018, ainda que na hora da formação de
palanques o PT tenha conseguido tirar o PSB da chapa
rival com uma intervenção justamente em Pernambuco,
barrando Marília Arraes da disputa ao governo local.
Agora, é o PT quem tenta tirar o PSB do Recife - e com
Marília. O grau de agressividade da disputa, entre
primos, mostra que dificilmente as sequelas permitirão
uma reconciliação tão próxima.
Assuntos e Palavras-Chave: Cenário Político-
Econômico - Colunistas