Clipping Banco Central (2020-11-22)

(Antfer) #1

Declarações de Bolsonaro negando racismo geram reações


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Sociedade
domingo, 22 de novembro de 2020
Banco Central - Perfil 1 - Davos

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Autor: BRUNO GÓES


Sem citar a morte de João Alberto Silveira Freitas,
homem negro de 40 anos espancado e asfixiado quinta-
feira, numa unidade do Carrefour em Porto Alegre (RS),
o presidente Jair Bolsonaro disse ontem na reunião da
cúpula do G-20, realizada por videoconferência, que
tensões raciais são alheias à História do Brasil e que há
um movimento político para "destruir" a diversidade e
dividir os brasileiros.


Antes, pelo Twitter, o presidente afirmara que o país
tem questões mais complexas do que os problemas
raciais. As declarações causaram reação de
representantes de entidades e no mundo político.


Logo no início da fala aos líderes das economias mais
ricas do mundo, Bolsonaro se posicionou: - Antes de
adentrarmos o tema principal desta sessão, quero fazer
uma rápida defesa do caráter nacional brasileiro em
face das tentativas de importar para o nosso território
tensões alheias à nossa História. O Brasil tem uma
cultura diversa, única entre as nações. Somos um povo
miscigenado - discursou Bolsonaro.


Ele continuou, argumentando que a diversidade do país
"conquistou a simpatia do mundo": - Contudo, há quem
queira destruí-la (a diversidade), e colocar em seu lugar
o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre
raças, sempre mascarados de "luta por igualdade" ou
"justiça social". Tudo em busca de poder.

FOCO EM OUTROS PROBLEMAS

Ao G-20, Bolsonaro disse ainda que, "como homem e
como presidente", enxerga todos os brasileiros com as
cores "verde e amarelo" e que "não existe uma cor de
pele melhor do que as outras". Segundo ele, existem
"homens bons e homens maus".

E são as nossas escolhas e valores que determinarão
qual dos dois nós seremos. Aqueles que instigam o
povo à discórdia, fabricando e promovendo conflitos,
atentam não somente contra a nação, mas contra nossa
própria História.

Nas redes sociais, Bolsonaro escreveu: "Estamos longe
de ser perfeitos. Temos, sim, os nossos problemas,
problemas esses muito mais complexos e que vão além
de questões raciais. O grande mal do país continua
sendo a corrupção moral, política e econômica. Os que
negam este fato ajudam a perpetuá-lo."

As declarações de Bolsonaro repercutiram entre
entidades, políticos e na sociedade. A historiadora e
antropóloga Lilia Schwarcz diz que fica impressionada
em "como esse governo quer refundar o 'mito da
democracia racial brasileira, que já devia estar
enterrado e extinto": - Esse foi um modelo criado nos
anos 1930 e muito estimulado durante a ditadura militar,
que produziu muita cegueira cultural, política e social,
pois impediu aos brasileiros que reconhecessem como
o racismo faz parte e está imiscuído de forma complexa
nas nossas relações estruturais e institucionais - disse a
antropóloga. - Os dados oficiais mostram a existência
de um genocídio negro no Brasil. Já o famoso
negacionismo do presidente não é sinal de "liberdade",
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