11 SOCIEDADE 12 O PAÍS Sexta-feira, 08 de Fevereiro de 2019
Luanda. com maior ~repr
no Convento das Claris
Das 42 innãs que estão na congregação das Clarissas em Luanda, 15 provêm da capital do país, sendo a provín-
cia de Malanje a segunda região com maior representação. As jovens mulheres procuram este convento ainda
muito cedo, com 18 ou 25 anos e deCidem viver em clausura, algumas mesmo contra a vontade dos seus fàmilia-
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Stela Cambamba e Rufina Lucamba
mosteiro do Sa-
grado Coraçãode
Jesus, das "Irmãs
Clarissas", situ-
ado em Luanda,
no bairro do Pa-
lanca, é uma congregação com-
posta por um total de 42 irmãs,
sendo 15 de Luanda, seis de Ma-
lanje, cinco do Huambo, três do
Cuanza- Sul e o mesmo número
de Benguela. Já as províncias do
Bié, Uíge, Cuanza-NorteeNami-
be têm duas representantes cada
e Bengo e Huíla, uma.
Na visita que o jornal O PAÍS fez
ao referido recinto santo, a nos-
sa equipa tomou conhecimen-
to que semanalmente aparecem
em média duas jovens interessa-
das em fazer parte da com unida-
de Clarissa, com idades compre-
endidas entre os 18 e os 25 anos. •
Neste contexto, o convento, ha-
bitado maioritariamente por ir-
mãs provenientes da cidade c a -
pital, conta com 25 novos mem-
bros, ou seja, aspirantes.
A jovem de estatura baixa, to-
nalidade de pele mais escura,
comunicativa e sorridente, que
responde pelo nome de Eugé-
nia Lopes de Castro, é uma das
que compõem o grupo de irmãs
de Luanda. Com o nome adopti-
vo de Irª Piedade Maria, a entre-
vistada disse ter decidido entrar
no convento depois de um reti-
ro no quimbo de São Francisco
de Assis.
No santuário, deparou- se com
as irmãs Clarissas que realizavam
o trabalho de escuta à comunida-
de, facto que fez com que Piedade
Maria se encantasse com a activi-
dade e pensasse em algum dia se -
guir aquela vida. Ela tinha21 anos
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Mosteiro do Sagrado Coração de Jesus, também conheddo como Irmãs Clarissas, situado em Luanda, no bairro do Palanca
de idade, na altura.
Depois da primeira visita pas-
sou a frequentar o local várias
vezes, no período das 12 horas,
tempo em que as irmãs faziam a
oração litúrgica às Sextas. Certo
dia, decidiu tocar a campainha
e entrar para viver em clausu-
ra. Agora, com 29 anos, vive nas
Clarissas há sensivelmente qua-
troanos.
A jovem luandense frequentava
a Paróquia do Cristo Rei da Paz,
no Benfica, fazia parte do grupo
dos vocacionados, onde apren-
deu costumes de várias congre-
gações, inclusive a de São Fran-
cisco. Tem mãe católica e uma
família com tradição cristã não
sólida. Não se lembra de ter visto
algum dia o pai ir à igreja, apenas
no dia em que recebeu o sacra-
mento da iniciação cristã.
Quanto à sua decisão de se tor-
nar numa das irmãs Clarissas, os
seus parentes não reagiram com
satisfação e, passados quatro
anos desde que tomou a decisão,
o pai ainda não aceita, embora a
tenha visitado várias vezes.
VIsitas que~ a família com
dúvidas
As visitas, por norma, são cur-
tas e algumas vezes os visitan-
tes nem chegam a sentar-se, pa-
ra além de elas não conseguirem
sequer olhar nos olhos do paren-
te. "Numa das visitas, o pai per-
guntou seriamente se aconte-
ceu alguma coisa comigo, pelo
que achava que não estava bem
de saúde e culpabilizou a minha
mãe de me ter influenciado nes--
ta escolha", conta.
A mãe, independentemen-
te da franqueza com que enca-
ra esta opção da filha, consente
e apoia a sua decisão, mas deixa
claro para a jovem que se pudes-
se escolher outra vida para ela es-
colheria.
"Mas a mina mãe é diferen-
te do pai, que é opositor directo
e declarado. Ele não gosta da vi-
da religiosa e pior ainda da vida
de clausura", disse, com um sor-
riso no rosto, a jovem que é a filha
mais velha de sete irmãos.
Já a Irmã Teresa Maria, outra
luandense, que vem da Paró-
quia da Boa Nova, no município
de Viana, sentiu o desejo de ser
madre desde pequena, pelo facto
de ter frequentado quase sempre
as casas das irmãs Dominicanas
do Rosário, também conhecidas
por Teresianas.
Entre outras, depois de atin-
gir os 14 anos de idade, passou
a frequentar mais a casa das ir-
mãs Paulinas e a família já es-
tava ciente de que Teresa viria a
pertencer a alguma comunídade
católica. Certo dia, estava tris-
te e um colega de escola deu- lhe