Micro
- EXAME. DEZEMBRO 2020
brinquedos, área que ganhou recentemen-
te duas máquinas de injeção robotizadas e
mais eficientes, de onde saem artigos de
praia, como baldes e pás, camiões e trato-
res de brincar ou tambores e martelos de
plástico, usados na noite de São João, no
Porto. Tal como aconteceu com a empresa
de Júlio Penela, o cancelamento de festas e
romarias este ano, por causa da pandemia
(a juntar à lotação limitada das praias), atin-
giu em cheio a época alta da IRMEL, que vai
de março a setembro. Resultado: uma que-
da esperada de 60% na faturação.
Exemplos de longevidade na produção
de brinquedos em Portugal, como os da
PePe e Jato, da Maia & Borges ou da Irmãos
Melo, não abundam. As crescentes exigên-
cias de segurança, as necessidades de mo-
dernização tecnológica, as mudanças na
procura, a dimensão do País e a concorrên-
cia de colossos na Ásia foram arrumando
para o lado e colocando no baú do esque-
cimento dezenas de pequenos fabricantes
durante as últimas décadas (ver caixa “Fá-
bricas de memórias”). Mesmo que ainda
haja multinacionais como a alemã Schleich
ou a francesa Papo a escolher produzir cá
parte dos seus produtos e a colocar-lhes a
etiqueta made in Portugal – basta entrar
numa papelaria e comprovar.
“É um mercado muito pequeno, não te-
mos escala. O investimento em moldes pesa
muito e os preços da mão de obra são muitís-
simo mais elevados. Não é competitivo com
a China”, explica Ricardo Feist, administra-
dor da Concentra, empresa que distribui
cerca de 50 marcas internacionais de jogos
e brinquedos – e que também manda fazer
a oriente os poucos artigos que desenvolve
de raiz para o mercado nacional. Outra dis-
tribuidora, há quatro anos no mercado, sen-
tiu igualmente na pele o que custa produzir
no País, quando lançou o jogo de tabuleiro
Go Master, hoje adaptado a 14 países. “Pro-
duzimos cá a primeira edição, mas depois
optámos pela China, porque a qualidade do
produto e o preço não têm comparação. As
fábricas cá não estão preparadas”, justifica
Carlos Ávila, diretor comercial da Creative
Toys, que, entre outros, distribui o Monopoly.
É naquele país que serão feitos também os
outros jogos que a sua área de desenvolvi-
60%
Vendas
Contributo mínimo dos meses que
antecedem o Natal – outubro
a dezembro – para o negócio anual
dos brinquedos, em Portugal
212
MILHÕES
de euros
Valor do mercado de brinquedos em
Portugal, em 2019, segundo a GfK
Dar vida às figuras
Quase 45 anos depois, o projeto do fundador Victor Maia (na
imagem, a preto e branco) é perpetuado pela filha, Patrícia, e pelo
seu marido, António Pinto. Hoje, estão à frente da Maia & Borges,
que produz três milhões de figuras por ano. Tudo para exportação