Exame - Portugal - Edição 440 (2020-12)

(Antfer) #1
86. EXAME. DEZEMBRO 2020

Opinião


U


m dos impe-
rativos deter-
minados pela
Covid-19 foi a
necessidade
de adaptação rápida a novos
problemas, cuja resolução, em
muitos casos, não pôde ficar
circunscrita à equipa de ges-
tão nem a um departamento
específico da empresa. Assim,
a organização “pós-pandemia”
vem reforçar a conveniência da
constituição de equipas multi-
funcionais, cumprindo objeti-
vos mensuráveis e estabelecen-
do processos que permitam à
organização movimentar-se
mais rapidamente. Para isso
pode ser conveniente a utiliza-
ção de uma estrutura matricial,
simultaneamente por funções
e por projetos, que alie a tecno-
logia e o talento em novas for-
mas colaborativas, geradoras
de projetos inovadores.
Atualmente, é difícil en-
contrar uma empresa que
não tenha projetos a decorrer,
mesmo fora dos departamen-

necessário ao trabalho adi-
cional dos projetos, é preciso
que o desempenho funcional
e de projeto sejam integrados
na avaliação do desempenho e
na retribuição salarial do cola-
borador. Se isso não acontecer,
a mensagem que é transmitida
é a de que o trabalho de pro-
jeto não é importante, com as
consequências inerentes.
É este enquadramento de
equipas multidisciplinares,
utilizando processos ágeis de
obtenção de resultados e ado-
tando uma cultura colabora-
tiva, que permitirá ao sistema
mover-se mais rapidamente,
num ambiente cujo grau de
incerteza aumentou consi-
deravelmente em virtude da
pandemia. Poderemos, des-
ta forma, reinventar a forma
como nos organizamos e con-
seguimos que o trabalho seja
feito. A empresa veloz pode
aqui encontrar, também, um
propósito mais elevado e uma
saúde organizacional melho-
rada. E

A organização


“pós-pandemia”


O novo modelo, acelerado pelas circunstâncias


que vivemos, deve ser assente em equipas
multidisciplinares, ágeis e com um carácter cada


vez mais colaborativo, à volta de projetos com
resultados mensuráveis


tos de I&D. No entanto, em ge-
ral, trata-se de projetos limita-
dos a alguns colaboradores ou
restritos às áreas de engenha-
ria. Quanto à sua origem, são,
normalmente, projetos orga-
nizados como resposta a so-
licitações de clientes que não
visam a inovação, sem prejuí-
zo da ocorrência esporádica
de projetos inovadores, dita-
dos pela gestão ou por algu-
ma ideia entretanto apurada
no sistema interno de suges-
tões. O que se propõe, aqui,
é a utilização de um processo
que permita a produção con-
tínua de projetos de inovação
a partir de fóruns empresariais
(organização de stakeholders
para um dado objetivo de ino-
vação, definido pela gestão),
em que os colaboradores de-
cidem sobre os projetos em
que pretendem trabalhar, as
equipas que querem integrar
e, eventualmente, os gestores
de projeto que querem ter.
E para que ocorra o au-
mento do comprometimento

Pode ser
conveniente
a utilização
de uma
estrutura
matricial,
simultanea-
mente por
funções e por
projetos, que
alie a tecnologia
e o talento em
novas formas
colaborativas,
geradoras
de projetos
inovadores

> Presidente da direção
da Associação Portuguesa
de Criatividade e Inovação


  • APGICO


POR


FERNANDO CARDOSO


DE SOUSA

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