Exame - Portugal - Edição 440 (2020-12)

(Antfer) #1
DEZEMBRO 2020. EXAME. 89

participações em PME em di-
ficuldades.
A França ofereceu 1 500
euros, no mês de Março, a to-
das as pequenas e microem-
presas que tiveram de fechar
por ordem do Governo.
Na Dinamarca, as empre-
sas que se viram obrigadas a
despedir 30% dos funcionários
(ou mais de 50 funcionários)
receberam uma compensação
do Governo de 75% do total das
despesas salariais desses fun-
cionários, por forma a garan-
tir a sua permanência na em-
presa.
Este apoio dos governos foi
e continua a ser essencial para
que as empresas consigam (de
alguma forma) superar este
período que atravessamos e
que está para durar (pelo me-
nos, seguramente, em termos
económicos). Serão as medi-


das implementadas por Por-
tugal suficientes? As linhas de
crédito cedidas, embora resol-
vam a curto prazo alguns pro-
blemas, podem trazer outros
maiores a longo prazo. Mas
não longo o suficiente para
acompanhar a renovação da
economia. Que medidas po-
deriam ser mais benéficas?
Será que a introdução de li-
quidez não seria uma opção
mais benéfica? A relutância
do Estado em apoiar, nestas
alturas em que está tudo a
cair, é totalmente contraditó-
ria em relação aos esforços ti-
dos (depois!!) para recuperar
com recursos os poucos des-
troços que restaram. É menor
o custo para não deixar cair do
que o custo de levantar tudo
do chão.
Um argumento muito
usado (em Portugal) para não

nas linhas de crédito, corres-
pondendo a 20% dessas e sen-
do apenas concretizado se, no
ano de 2021, houver manuten-
ção dos postos de trabalho.
Começamos a dar os pri-
meiros passos.
A relutância que o Esta-
do tem tido em apoiar as em-
presas nas quais tudo se está
a desmoronar é totalmente
contraditória em relação aos
esforços tidos (depois!!) para
recuperar.
Por vezes, basta pensar
em estratégias... Estratégi-
as simples, bem ponderadas,
mas que podem salvar. Pode-
mos dar o exemplo do maior
devedor, o Estado. Se o Esta-
do pagasse as suas dívidas em
três dias, ao invés de três me-
ses, injectaria assim liquidez
de que as empresas tanto pre-
cisam. Por exemplo. E

deixar (e voltamos às gran-
des empresas!) os bancos fa-
lharem está relacionado com
o número de empregos que
estão em jogo. Voltamos aos
99,9 por cento. Deveria pesar
na consciência como pesa na
economia.
Felizmente, parece que
temos novas medidas. Já este
mês, fiquei muito agradado
com a notícia do lançamen-
to de um Programa de Apoio
à Produção Nacional no valor
de 100 milhões de euros para
co-financiar projectos de mi-
cro e pequenas empresas. Ou-
tra medida também anuncia-
da foi a criação de novas linhas
de crédito e subsídios a fundo
perdido para apoiar as empre-
sas mais castigadas pela pan-
demia. No entanto, é impor-
tante realçar que a parte do
“fundo perdido” está inserida

GETTY IMAGES
Free download pdf