Exame Informática - Portugal - Edição 306 (2020-12)

(Antfer) #1
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ENQUADRAMENTO


AS MAIORES DO PORTUGAL TECNOLÓGICO


TRANSFORMAÇÃO


DIGITAL ACELERA,


MAS SETOR DAS


TIC PERDE EM 2020


Cloud, IoT, Big Data e Cibersegurança
foram, em 2019, as tecnologias
que arrecadaram maior investimento
e procura. Mas a pandemia travou,
já este ano, alguns investimentos,
apesar do enorme salto tecnológico
que o país deu em poucas semanas
Texto Fátima Ferrão Foto D.R.

E


m 2019, ano fiscal em que se suporta o atual ranking
das ‘200 Maiores do Portugal Tecnológico’, as pre-
visões para o setor das Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC) eram otimistas e, em grande
parte, acabaram por concretizar-se e, até mesmo, por ser
ultrapassadas. Um ano antes, o estudo “Visão 360° do Mercado
TIC e Digital em Portugal - Quotas de Mercado, Dimensão do
Mercado e Previsões 2018 – 2020”, da IDC, apontava para que
as receitas deste mercado em Portugal chegassem aos 8,24
mil milhões de euros em 2019, mais 2,2% do que em 2018. A
verdade é que o sector se mostrou ainda mais dinâmico, tendo
somado 8,38 mil milhões de euros.
Um crescimento que também se reflete no total das receitas
das 200 empresas analisadas neste ranking que aumentaram
cerca de 800 milhões de 2018 para 2019, para um total de 11,4
mil milhões de euros. A par com o incremento nas receitas,
este grupo de empresas também aumentou a sua capacidade

exportadora durante o exercício de 2019. No total, o valor de
exportação foi de 115,4 milhões de euros quando, em 2018,
não tinha ultrapassado os 19,9 milhões.
Recorde-se que neste ranking continuam a dominar as
empresas de serviços (121), seguidas da que atuam na área da
distribuição informática (47), nas telecomunicações (18), e
no fabrico (10).

ACELERADORES DE INOVAÇÃO EM CRESCIMENTO
Cloud, IoT, Big Data e Cibersegurança eram as áreas que pro-
metiam cativar grandes investimentos para acompanhar a
transição digital que já começava a mostrar-se em território
nacional, com 71% dos decisores nacionais a mostrar ape-
tência para aumentar o investimento em tecnologias capazes
de fazer crescer receitas e inovação. O cenário era otimista e,
2020, prometia ser mais um ano dourado nas TIC. Ninguém
esperava, contudo, ou podia prever, que uma crise sanitária
global abalasse o mundo e obrigasse muitos sectores econó-
micos a travar a fundo negócios e investimento. A quebra
nas TIC foi (e continua a ser) inevitável, apesar da crescente
necessidade e dependência de algumas tecnologias para fazer
face aos constrangimentos da pandemia. “As TIC são hoje
fundamentais para todos os processos de negócios e todos os
sectores. Em poucas semanas demos um salto tecnológico de
dez anos, com o trabalho remoto, canais digitais e aumento do
‘e-commerce’”, disse Gabriel Coimbra, presidente executivo
da IDC, em declarações à Lusa por altura do confinamento.
Ainda assim, e de acordo com os dados da IDC, os gastos
com as TIC em Portugal deverão ter uma quebra na ordem
dos 4,1%, menos 340 milhões euros do que em 2019, para os
4,04 mil milhões de euros. A consultora acabou por rever em
baixa as previsões para este ano depois de inquirir meio milhar
de gestores nacionais, concluindo que a intenção de reduzir
investimento em TIC estava na agenda de grande parte destes
decisores. A cloud poderá ser uma das tecnologias menos
afetada, uma vez que é essencial para as empresas que têm as
suas equipas em teletrabalho. ■
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