Revista Aventuras na Historia - Brasil - Edição 159 (setembro de 2016)

(lenilson) #1

ALMANAQUE Arte & História


UMA VISÃO ALTAMENTE ROMANTIZADA –
DE UM MOMENTO SUBESTIMADO

INDEPENDÊNCIA


OU MORTE


IMAGEM DIVULGAÇÃO MUSEU PAULISTA /REPRODUÇÃO HÉLIO NOBRE

CENA RURAL
Os limites urbanos de São Paulo estavam longe de
chegar ao Ipiranga em 1822. A cidade era a capital
da província, mas era minúscula e desimportante.
Seria a visita do futuro imperador que começaria
a mudar isso. Porque a cidade foi palco da
Independência que dom Pedro promoveria-a a
“cidade imperial” e faria a primeira faculdade de
direito do Brasil ali, em 1827. Durante todo o século
19, a elite brasileira se formaria em São Paulo.

ANIMAL ERRADO
O cavalo é certamente uma licença
artística compreensível. Ainda que
não seja explícito nas fontes, o
caminho do litoral para São Paulo
era feito em mulas, que tinham
resistência para aguentar a subida.
Ao reimaginar a cena banal como um
quadro militar, Pedro Américo pôs o
imperador numa montaria de batalha.

O GRITO
Após arrancar a braçadeira com as cores
de Portugal e instar sua guarda a fazer
o mesmo, dom Pedro declarou guerra
à metrópole. Não há outra forma de
interpretar algo tão dramático quanto
“independência ou morte”. E guerra haveria:
os combates se estenderiam por mais de
dois anos e custariam até 3 mil vidas.

V


ocê provavelmente se lembra do professor do En-
sino Médio fazendo chacota com a Independência
do Brasil. Ou talvez tenha sido aqui mesmo na
AVENTURAS NA HISTÓRIA. No mais fatídico dia deste país,
o futuro imperador estava com diarreia, montado numa
mula e com as botas sujas de lama. Tudo verdade. Quando
o pintor acadêmico Pedro Américo recebeu a encomenda
da família real, ele abusou de licença poética. Exceto pelo
imperador brandindo sua espada e gritando, tudo no
colossal Independência ou Morte é invenção do artista.

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