O Tempo (2020-12-02)

(Antfer) #1

2 | O TEMPOBELO HORIZONTE|QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2020


MÁRCIO COIMBRA


[email protected]

“Vamos dizer o seguinte: (o


desmatamento da Amazônia) foi


menos pior. Essa é a realidade.


Podia ser pior


ainda. A


expectativa que


nós tínhamos é


que ia dar 20%


acima do ano


passado. Então,


deu 9,5%.”


Triunfo da


moderação


A


CM Neto diz que a Presidência
tem um poder muito forte, logo o
presidente não pode ser descarta-
do como um grande jogador na
próxima campanha presidencial. A frase
faz sentido, mas depende também de
quem ocupa essa cadeira. Bolsonaro é um
tipo intuitivo, porém pouco estratégico.
Apesar de sua caneta ter um peso que po-
de alterar a campanha presidencial a seu
favor, nada impede que consiga usar esse
poder contra si mesmo.
Depois de uma campanha municipal em
que o bolsonarismo mostrou não possuir en-
raizamento na sociedade e a esquerda foi
surrada pelo eleitor, o centro moderado sur-
ge como uma solução razoável. A popula-
ção mandou um claro recado pelas urnas.
Está cansada da polarização e da guerra de
narrativas. As pessoas pediram prudência,
experiência, ponderação. Nada do que o ci-
clo eleitoral anterior havia proporcionado.
A pergunta que surge é de onde virá es-
te movimento ao centro. A opção de Moro
pela iniciativa privada praticamente sela
seu futuro longe da política. Isso muda a
dinâmica do jogo, e a política tradicional
sente-se mais confortável para jogar de
acordo com as suas regras, calculando a
campanha presidencial a sua imagem e se-
melhança. Diante de dois polos antagôni-
cos, esquerdas e direita bolsonarista, sur-
ge um caminho livre no centro para essas
forças políticas transitarem.
Apesar da caneta, Bolsonaro deve che-
gar enfraquecido a 2022. Diante de uma
situação fiscal desesperadora, o governo
não possui muitas opções. Sem projetos,
base política ou direcionamento definido,
o governo segue perdido sem agenda real.
Se no passado possuía projeto sem base de
apoio, hoje possui uma base aliada contrá-
ria aos projetos. A tendência é o governo
seguir o mesmo rumo até seu final, sem
grandes realizações ou profundas refor-
mas estruturantes.
Bolsonaro deve chegar a 2022 com
apoio de sua base fiel, cercado de militares
e dependente político do centrão. Uma
equação que não garante os votos capazes
de colocá-lo no segundo turno. Terá perdi-
do ao longo dos quatro anos o eleitorado
antipetista, conservador, liberal e lava-ja-
tista, a exata onda que conseguiu surfar
em 2018 e lhe entregou a vitória em uma
bandeja de prata sem qualquer esforço. De-
pois de chegar ao Planalto e sonhar que
liderava um movimento, rifou a agenda e
os grupos que o apoiaram. Sem eles, entre-
tanto, não será reconduzido.
Aquele que souber transitar pelo cen-
tro, de forma ponderada, terá grandes
chances de chegar ao segundo turno. Uma
aliança entre tucanos e democratas parece
inevitável, com partidos do centrão fisioló-
gico divididos entre a direita bolsonarista
e o centro moderado. Nas esquerdas, uma
acomodação em torno de Boulos começa a
se desenhar. Em linhas gerais, este é o ce-
nário que teremos adiante em 2022.
O eleitorado se cansou. A guerra de nar-
rativas, polarização, terraplanismo, lulope-
tismo, bolsonarismo, antipolítica serão re-
jeitadas pelo eleitor, assim como vimos nes-
te ano. Aqueles que não souberem se rein-
ventar serão tragados pela onda da modera-
ção, experiência e prudência. Uma antítese
dos tempos egonegacionistas que vivemos.

x


Hamilton Mourão
Vice-presidente

DIVULGAÇÃO

“Detratores”
Paulo Guedes nega ter
contratado relatório

O ministro da Economia, Paulo Guedes,
disse ontem não ter “a menor ideia” de
quem fez o relatório sobre jornalistas e in-
fluenciadores da internet, dividido entre
“detratores”, “neutros” e “favoráveis” e que
vai demitir quem encomendou o trabalho.
“Sou um cara transparente, aberto. Nunca
encomendaria algo para saber quem fala
mal ou quem fala bem de mim”, afirmou. A
informação foi revelada pelo jornalista e co-
lunista do Uol Rubens Valente. De acordo
com a publicação, a empresa BR+ Comuni-
cação foi contratada pelo governo federal
para orientar como devem ser tratados 81
jornalistas e formadores de opinião conside-
rados influentes nas redes sociais. Intitula-
do “Mapa de influenciadores”, o levanta-
mento analisou postagens do mês de maio
de 2020 sobre o Ministério da Economia e o
ministro Paulo Guedes. (Mônica Berga-
mo/Folhapress)

Marília Campos e Alex de Freitas iniciam
transição na Prefeitura de Contagem

A prefeita eleita de Contagem, na região metropolitana de
Belo Horizonte, Marília Campos (PT), se reuniu ontem com o
prefeito Alex de Freitas para iniciarem a transição de governo na
cidade. Eles apresentaram os nomes escolhidos para integrarem
o grupo de trabalho transitório, que será composto por 18 pes-
soas, nove da atual gestão e nove escolhidas pela petista. Duran-
te o encontro, o atual prefeito afirmou que muitos dados da ges-
tão já estão disponíveis, mas que compartilharia as informações
necessárias para a equipe de Marília, assim como a situação deta-
lhada de cada área do Executivo e da cidade. De acordo com a
assessoria, a petista “manifestou seu interesse em especial pelas
medidas que estão previstas para enfrentar o período chuvoso”.
Confira a equipe de transição em http://www.otempo.com.br.

Sergio Moro
Deputado pede
investigação

ALAN SANTOS/PR - 11.2.

O deputado federal Pau-
lo Teixeira (PT-SP) pediu à
Procuradoria Geral da Repú-
blica (PGR) que investigue
a possibilidade de crime de
corrupção na contratação
do ex-juiz da Lava Jato e ex-
ministro da Justiça Sergio
Moro pela empresa norte-
americana de consultoria Al-
varez & Marsal. Segundo o
requerimento, a lógica da
Lava Jato justificaria a inves-
tigação já que a Alvarez &
Marsal é responsável por ad-
ministrar a recuperação da
Odebrecht, e Moro, na con-
dição de juiz, autorizou o
acordo de leniência e dela-
ções premiadas.

[email protected] A.PARTE

Belo Horizonte


Uma Proposta de Emenda à
Lei Orgânica (Pelo) que tenta-
va criar uma prestação de con-
tas obrigatória do secretariado
municipal em Belo Horizonte
a cada quadrimestre foi rejeita-
da pelos vereadores da capital
na tarde de ontem durante a
primeira reunião plenária do
mês de dezembro.
O curioso é que a proposta
chegou ao plenário com 29 as-
sinaturas e precisava de 28 vo-
tos para ser aprovada, mas,
dos 29 que assinaram, apenas
11 votaram pela aprovação do
texto, enquanto os demais ou
optaram pela abstenção, ou re-
jeitaram, ou nem votaram.
O texto é de autoria do ve-
reador Bernardo Ramos (No-
vo), que antes da votação clas-
sificou o projeto como “supra-
partidário para fortalecer o Le-
gislativo” e disse que a propos-

ta ajudaria a ter uma proximida-
de entre os dois Poderes inde-
pendente do prefeito que co-
mandar a capital mineira e inde-
pendente do mandato, uma vez
que seria algo adicionado à Lei
Orgânica da cidade.
O parlamentar afirmou que
a medida daria transparência às
relações institucionais na capi-
tal e permitiria que o cidadão
soubesse melhor sobre o traba-
lho da prefeitura. “Será impor-
tante em longo prazo na relação
Executivo e Legislativo”, proje-
tou Ramos antes da votação.
Quando o texto foi colocado
em pauta, Wesley Autoescola
(PROS), um dos que assinaram
o texto e que na ausência de Léo
Burguês (PSL) no plenário cos-
tuma orientar a base de governo
nos projetos, pedia, efusivamen-
te, para que os colegas se absti-
vessem ou votassem “não”. Am-

bas as medidas, na prática, der-
rotariam a proposta. E assim
foi, a Pelo 10/2020 teve apenas
13 votos favoráveis, enquanto
outros 13 parlamentares se abs-
tiveram e outros três votaram
não. Apesar de 40 vereadores te-
rem registrado presença na ple-
nário de ontem, os demais não
registraram voto.
Após a votação, Ramos disse
ser “muito triste e lamentável”
que várias pessoas que assina-
ram o texto se abstiveram por in-
fluência do Executivo. “Perde a
população, perde o Legislativo,
perde a cidade”, comentou.
Em entrevista ao Aparte,
Wesley Autoescola disse que ne-
nhum vereador foi influencia-
do. E completou: “Após uma
análise mais profunda desse pro-
jeto, nós chegamos à conclusão
de que ele já é contemplado por
outras legislações aqui no nosso

município. Como, por exem-
plo, nas previsões contidas na
Lei de Responsabilidade Fis-
cal, segundo a qual já existe de-
terminação para que até o fi-
nal dos meses de maio, setem-
bro e fevereiro o Poder Executi-
vo demonstre e avalie o cum-
primento das metas fiscais de
cada quadrimestre. E isso já é
feito em audiências públicas
nas próprias comissões para is-
so já determinadas”.
Entretanto, a ausência de
secretários e de respostas de
ofícios enviados à prefeitura é
uma crítica constante no Legis-
lativo. Wesley lembrou uma
ocasião em que o prefeito Ale-
xandre Kalil (PSD) foi infor-
malmente à Casa prestar con-
tas aos vereadores e que o man-
dato do atual gestor “não pode
ser cobrado nesse sentido”.
(Lucas Henrique Gomes)

Câmara rejeita proposta para obrigar


secretários a prestar contas na Casa


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