O Tempo (2020-12-02)

(Antfer) #1
Na Zona da Mata, Cataguases se tornou palco dos
primeiros filmes produzidos por Humberto Mauro

Atualidade


“Transformamos a região em
um cenário a céu aberto, e as
produtoras têm à disposição as
belezas naturais, rios, montanhas, além
do nosso patrimônio cultural, seja
ele colonial ou modernista.”

César Piva, diretor da Agência de Desenvolvimento
do Polo Audiovisual da Zona da Mata

DIDIVULGAÇÃO - 26.11.2020

O berçoO berço


do cinema brasileirodo cinema brasileiro (^)
Edifícios
modernistas
são destaque
em Cataguases,
como o Centro
Cultural Sicoob
Coopermata
Pelos trilhos da recém-
inaugurada Estrada de Fer-
ro Leopoldina, a primeira
ferrovia de Minas Gerais,
surgiu uma cidade que iria
revolucionar a história cul-
tural do país: Cataguases,
na Zona da Mata, fundada
em 1877, três anos após a
implantação da ferrovia.
As linhas conectavam a
cidade à então capital do Império:
Rio de Janeiro. Por volta de 1925, o
trem que transportava milhares de
pessoas em busca de vida nova na
pulsante cidade fluminense tam-
bém levava a câmera que gravou as
primeiras cenas do cinema brasilei-
ro em Cataguases e que deixou um
legado para a eternidade pelas
mãos de um habilidoso jovem eletri-
cista, chamado Humberto Mauro.
No memorial de Cataguases
que preserva a história do cineasta,
o escritor Ronaldo Werneck, 77, re-
trata Mauro como um homem à
frente do seu tempo. “Ele era um
sujeito que gostava de várias ativi-
dades esportivas, principalmente li-
gadas à mão, era um ótimo enxa-
drista, jogador de sinuca, o melhor
goleiro da Zona da Mata na época,
e daí, como o pai, acabou virando
eletricista”, conta.
Antes de se aventurar pelo cine-
ma, Mauro se interessou pela foto-
grafia. Ele e o italiano Pedro Comel-
lo conseguem patrocínio e adqui-
rem uma câmera profissional ale-
mã. Com ela, fazem as primeiras
imagens do cinema brasileiro. “Ele
se tornou a pessoa que mais enten-
dia do assunto no Brasil. Era ator,
diretor, autor, fotógrafo, monta-
dor, fazia música”, acrescen-
ta Werneck. Só entre docu-
mentários sobre a difícil
realidade brasileira no
século XX, Humberto
Mauro idealizou quase
300 produções.
Cenário real.
Longa “O Menino no
Espelho”, lançado
em 2014, é uma das
grandes produções
gravadas na Zona
da Mata
De pioneira aDe pioneira a
polo de produçãopolo de produção
audiovisualaudiovisual
7
Apesar de o ineditismo e
o legado de Humberto
Mauro nunca terem sido esque-
cidos em Cataguases, só déca-
das mais tarde eles levaram a
uma transformação no municí-
pio. Nos anos 2000, artistas,
educadores e lideranças da ci-
dade resolveram se unir para
pôr em prática um plano ambi-
cioso: tornar a cultura um mo-
tor de desenvolvimento.
Em 2005, foi instalada
uma incubadora para proje-
tos audiovisuais e capacita-
ção de pessoas. E foi de um
clássico da literatura brasilei-
ra que o novo ciclo de cinema
teve início em Cataguases,
com o filme “Meu Pé de Laran-
ja-Lima”, em 2010.
Nos últimos dez anos, a ci-
dade já recebeu pelo menos 20
grandes produções, que in-
cluem séries de TV, anima-
ções, curtas, longas e documen-
tários. Segundo o diretor da
Agência de Desenvolvimento
do Polo Audiovisual da Zona
da Mata, César Piva, as produ-
ções já movimentam a econo-
mia de pelo menos 20 cidades.
CataguasesCataguases
Capítulo 2: Zona da MataCapítulo 2: Zona da Mata
4 | O TEMPOBELO HORIZONTE|QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2020 CONTEÚDO ESPECIAL

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