O Tempo (2020-12-02)

Particulares

¬RAFAELA MANSUR

¬A população brasileira

está cada vez mais flexibili-

zando as medidas de distan-

ciamento social. Em outu-

bro, os indicadores atingi-

ram seus menores níveis

com apenas 12 de cada 100

pessoas permanecendo ri-

gorosamente em quarente-

na. Os dados são da pesqui-

sa Pnad Covid, criada pelo

IBGE para calcular os im-

pactos da pandemia.

Em números absolutos,

36,3 milhões de pessoas fi-

caram rigorosamente em

casa no décimo mês do

ano, enquanto 9,7 milhões

não fizeram restrição algu-

ma. Os que saíram em caso

de necessidade somaram

80,7 milhões, contra 93,

milhões de outros que redu-

ziram contato, mas conti-

nuaram saindo de casa ou

recebendo visitas.

A artista plástica e tatua-

dora Patricia Mara, 34, op-

tou por parar de trabalhar

no começo de pandemia e

passou a se dedicar ao mes-

trado, em casa. Ela e o mari-

do saem apenas uma vez

por semana, para fazer

compras. “Nem meus pais

eu encontro. Acredito que é

necessário neste momento,

não tanto por mim, porque

não sou do grupo de risco,

mas para evitar a transmis-

são para outras pessoas. Es-

sa é a minha maior preocu-

pação. E, como não tenho

necessidade de sair, prefiro

ficar em casa”, conta.

A geógrafa Fernanda Sil-

va, 28, também está em iso-

lamento desde o dia 16 de

março. De lá para cá, só

saiu de casa para ir a consul-

tas médicas e algumas pou-

cas vezes ao supermerca-

do. “Uma coisa que tem me

deixado muito nervosa é

ver amigos saindo como se

tudo estivesse normal. O

que as pessoas não enten-

dem é que, quanto mais

elas saírem, mais nós ire-

mos demorar para ter uma

vida normal”, pontua.

Essa normalidade foi

apontada no números di-

vulgados ontem pelo IBGE,

que mostraram que os brasi-

leiros estão cada vez mais

flexíveis nas medidas de dis-

tanciamento, o que ainda co-

incide com a alta dos casos

de coronavírus, que se inten-

sificou no mês seguinte, em

novembro. Dados de saúde

calculados pelo instituto

mostraram que 5,7 milhões

de brasileiros tiveram resul-

tado positivo no teste para

Covid-19, um aumento de

900 mil na comparação com

setembro. Desde julho, quan-

do o indicador passou a ser

calculado, a alta foi de 3 mi-

lhões de pessoas.

De acordo com a coorde-

nadora da pesquisa, Maria

Lúcia Vieira, a maioria dos

testes foi feita por pessoas

que ganhavam mais de qua-

tro salários mínimos

(24,6%) e que tinham nível

superior completo (25,0%).

“Frente a setembro, mais

3,7 milhões de pessoas fize-

ram algum teste e 897 mil

testaram positivo”, disse Ma-

ria Lucia Vieira.

Paraná: toque

de recolher a

partir de hoje

¬CURITIBA. Em meio a um no-

vo pico de casos e mortes por

Covid-19, o governo do Para-

ná anunciou ontem que vai

instituir toque de recolher pa-

ra a população, além de limi-

tar a circulação por parques e

praças de todo o Estado. Os

detalhes da medida só devem

sair hoje, mas a pretensão é

restringir a movimentação ao

menos das 23h às 5h.

O governo também vai re-

tomar o trabalho remoto para

servidores estaduais e reco-

mendar que prefeituras e ou-

tros órgãos públicos tomem a

mesma medida. A partir hoje,

estão suspensas as cirurgias

eletivas em todo o Paraná.

Em Curitiba e na região metro-

politana, 93% dos leitos de

UTI estão ocupados. Cerca de

50 pessoas já aguardam va-

gas em terapia intensiva.

Ocupação de

leitos de UTI

no RJ é 98%

7

RIO DE JANEIRO. A taxa de

ocupação para Covid-

19 nos hospitais particulares

na cidade do Rio é de quase

100%. As UTIs na capital ca-

rioca estão com 98% das va-

gas ocupadas. A taxa de uso

dos leitos de enfermaria dedi-

cados à Covid-19 era de 40%

na semana passada. Ontem,

estava em 70%. A fila de pa-

cientes esperando interna-

ção registrava 184 pessoas

há uma semana. Ontem, o

número chegou a 341. Desse

total, 222 precisam de UTI.

Os dados são do G1.

Os números de ocupação

de leitos de UTI para Covid-

em hospitais privados paulis-

tas também subiram: passa-

ram de 55% para 84%, um au-

mento de 29 pontos percen-

tuais. Entre 16 e 19 de novem-

bro, 44,5% de 76 instituições

ouvidas apontaram alta das in-

ternações por causa da doen-

ça. Entre 23 e 26 de novem-

bro, foram 79%. A sondagem

é do Sindicato dos Hospitais,

Clínicas e Laboratórios do Esta-

do de São Paulo (SindHosp).

Consequência. Aumento de casos de Covid-19 no país coincide com relaxamento maior do isolamento social

IBGE aponta que só

36,3 mi no Brasil

seguiram com rigor

quarentena no mês

(BRUNO ROCHA/FOLHAPRESS)

Sem restrições. Resultado de pesquisa mostra que brasileiros estão cada vez mais flexíveis nas medidas de distanciamento social

Apenas 12 de cada 100 pessoas

ficaram isoladas em outubro

EDITORIA DE ARTE / O TEMPO

ISOLAMENTO EM QUEDA

ISOLAMENTO

EM OUTUBRO

VARIAÇÃO EM RELAÇÃO

A SETEMBRO EM P.P.

44,3%

Reduziram o

contato, mas

continuaram

saindo de casa

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

FONTE: PNADCOVID19/ IBGE

38,2%

Ficaram em casa

e só saíram por

necessidade

12,4%

Ficaram rigorsa-

mente isolados

4,6%

POR REGIÃO

NÃO FIZERAM

NENHUMA

MEDIDA DE

RESTRIÇÃO

FICARAM

RIGOROSAMENTE

ISOLADAS

Índice de pessoas que:

POR SEXO

ÍNDICE DE PESSOAS

QUE FICARAM

RIGOROSAMENTE

ISOLADAS

POR FAIXA ETÁRIA

13,5%

Mulheres

11,3%

Homens

Não fizeram nenhuma

medida de restrição

(EM %)

8,

5,

4,

2,

4,

10,

14,

11,

13,

12,

+4,

-2,

-3,

+1,

0 a 13 anos

34,

14 a 29 anos

6,9 2,

30 a 49 anos

50 a 59

anos

4,

60 anos

ou mais

18,

OMS

Alerta. Em 2021, uma a

cada 33 pessoas no pla-

neta vai precisar de aju-

da, indicou a OMS. Pela

primeira vez desde os

anos 1990, a pobreza

extrema aumentará.

8 | O TEMPOBELO HORIZONTE|QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2020 CORONAVÍRUS

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