Elle - Portugal - Edição 386 (2021-01)

(Antfer) #1
ELLE PT 37

Existe de facto uma grande diferença entre ser cabeleireira/
enfermeira e ser modelo. Quis saber de onde e como surgiu
esta vontade. «Passei uma altura de muita indefinição, como
acontece com todos os adolescentes, que chegam a uma de-
terminada altura em que têm que optar por uma área e eu
estava muito confusa» diz. Na altura Luísa tinha acabado de
se mudar de Amarante para o Porto novamente (após uma
estadia de 5 anos por lá) e durante o período das férias «eu
estava a passear pelo Porto e vi uns cartazes que hoje em dia
não se usa, e até tenho vergonha de dizer isto, mas na altura era
para promover cursos de modelo – que hoje já não existem – e
eu pensei que, se calhar, era uma coisa gira para as férias do
ano seguinte, para fazer durante dois ou três meses».
Todos sabemos que hoje em dia (devido a todos os esque-
mas) estes cursos são tudo menos bem vistos, mas ela acabou
por ter sorte. Mesmo que encarasse tudo aquilo como um
passatempo, foi ali que a sua estrela brilhou. No final dos três
meses, e após a apresentação final «O Tó e a Mi [Romano]
vieram falar comigo (na altura tinha 15, ia fazer 16 anos
passado uma semana ou duas) e mostraram muito interesse,
queriam que eu fosse modelo da Central. Eu nem sabia o que
era uma agência de modelos, eu achava que com aquilo que
tinha feito já estava numa agência de modelos».


NA ALTURA TEVE QUE DEIXAR OS ESTUDOS (aos quais
regressou passado três anos), mas a sua carreira como modelo
começou a descolar e nem o facto de ser do Porto (obrigando-
-a a fazer viagens de carro constantes) a travou. «Era a única
modelo das minhas colegas que trabalhava todos os dias, e
não era só por uma questão de disponibilidade. As clientes
marcavam-me todos os dias e comecei a perceber que tinha que
aproveitar aquilo. Eu gostava do desafio (...) era-me indiferente
se as pessoas diziam que eu estava bonita ou feia. O objetivo
final era que o trabalho corresse bem, que o editorial ficasse
espetacular, que as fotografias ficassem incríveis e que depois
isso se refletisse em vendas. E era isso que acontecia. Por isso é
que eu era constantemente chamada. Tanto que o tempo que
eu tinha livre era praticamente o de chegar a casa, ao hotel ou
ao avião e descansar, para no dia a seguir já estar a trabalhar.»
Mesmo com uma agenda bastante preenchida, quando
tinha apenas 19 anos, decidiu abraçar um novo projeto:
as Antilook. Esta girls band formada pelas modelos Rute
Marques, Luísa Beirão, Evelina Pereira, Raquel Loureiro e
Vera Deus, nasce no final dos anos 90 durante a Exponor,
por parte de um dos responsáveis pela produção do evento:
«Um dia nós estávamos a almoçar e o Nuno Eusébio disse


“Giro, giro era nós criarmos uma girls band”. Claro que
nós “Ah ah ah, que giro, isso era espetacular, incrível” e
aquilo deve ter soado bem na cabeça dele e passado uns dias
ele orquestrou tudo (...). No espaço de 15 dias havia um
contrato com a Sony Music.»
O grupo teve algum sucesso apresentando-se em programas
como o BigShow Sic, em 1998, mas pouco tempo após se ter
unido desfez-se e Beirão deu continuidade à sua carreira.
Esta pequena fase em nada atrapalhou os seus planos. A
vida de modelo continuou com Luísa a arrecadar sucesso atrás
de sucesso e, quando tinha apenas 25 anos, decidiu que tinha
chegado a hora de se retirar: «A primeira decisão que eu

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