Elle - Portugal - Edição 386 (2021-01)

(Antfer) #1

50 ELLE PT


MAQUILHAGEM: CHRISTOPHE DANCHAUD/CHANEL - CABELOS: WENDY ILES - MANICURE: EDWIGE LLORENTE/ CHANEL.

papel, está pronta para tudo. É uma mulher capaz de encarnar
personagens excessivas e completas. É por isso que só ela
consegue personificar a mulher icónica de uma fragrância
tão poderosa quanto a Nº5», conclui Roitfeld. Na verdade,
para Thomas du Pré de Saint Maur, diretor de imagem da
Chanel Perfumes e Beleza, «A escolha de Marion foi óbvia.
Escolher novamente uma atriz francesa permitiu-nos re-
gressar à imagem de uma feminilidade que se coaduna com
o espírito da Maison». Francesa, portanto, mas sempre a
viajar pelo mundo, já que a atriz se prepara para interpretar
a protagonista do filme The Brutalist do realizador Brady
Corbet, uma longa-metragem histórica sobre a emigração
para os Estados Unidos no rescaldo da guerra.

Paradoxalmente, Marion Cotillard sentiu algo bastante
pessoal durante esta produção; algo que se conectou inti-
mamente com a sua personalidade. «Quando escolho um
filme, quero – preciso, mesmo – de ir para o desconhecido.
Quanto mais longe as personagens estão de mim e da minha
realidade, mais interessantes são. Já numa colaboração como
esta, é o oposto. Quero brincar com a minha própria perso-
nalidade. Sinto-me mais confortável com a ideia de procurar

algo que se pareça comigo – numa versão exagerada, claro,
levada ao extremo. É a parte do meu trabalho onde talvez
seja mais fácil ser eu mesma», reconhece a atriz. O momento
que vivemos também é excecional devido à pandemia. No
set, todos, até Marion Cotillard, respeitam o protocolo de
saúde e o distanciamento. «Tenham cuidado. Cuidado com
os outros», afirma constatemente. «Se todos temos que seguir
os protocolos, é para nós próprios, mas também para não
contaminar as outras pessoas».

Quando pergunto por que está feliz com a sua nova cola-
boração com a Chanel, a atriz – que em breve estará nas salas
de cinema ao lado de Adam Driver numa produção de Leos
Carax – responde: «O que me toca particularmente é que o
N°5 é o primeiro perfume criado por uma designer de moda.
Aos meus olhos, esta criação conta a história de uma mulher
vanguardista, muito à frente do seu tempo. Além disso, a sua
composição está cheia de mistérios. O N°5 é um clássico, mas
conseguiu manter o seu elemento de exclusividade. E essa é
uma das característica de um ícone, conseguir manter-se re-
levante ao longo do tempo. Por isso, sinto-me muito feliz por
continuar a dar vida à história deste perfume icónico.» n A.B.

«MARION NÃO
TEM MEDO DE SUJAR

AS MÃOS PARA
UM PAPEL,

NÃO TEM MEDO DE
SE MOSTRAR MENOS

ARRANJADA, DE NÃO
CORRESPONDER

AO SIGNIFICADO
DE BELEZA

NO SENTIDO


CLÁSSICO
DA PALAVRA.»
CARINE ROITFELD

STA RS

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