Placar - Edição 1469 (2020-11)

(Antfer) #1

NOV | 2020 15


Grupos de
torcedoras
protestaram
em Curitiba,
onde o Santos
jogaria ( à e s q .).
Já em 2017
parte da torcida
do Atlético-MG
reclamara da
presença do
jogador no time
mineiro
Gabriel Machado/

aGiF/a

Fp

reprodução

tamente. Cedo ou tarde, certamente
cedo, a máscara cairia. Uma frente
ampla formada por torcedoras de
Santos, Flamengo, Corinthians e
outros times se movimentou pelo
WhatsApp contra a chegada de Ro-
binho. No Twitter, jornalistas, tor-
cedoras e celebridades fizeram ba-
rulho, com dezenas de mensagens
compartilhadas. “Precisamos que
nossa voz seja ouvida. Nós, mulhe-
res santistas, não o queremos mais
no clube”, diz a advogada Mariana
Paquier, de 26 anos, representante
do coletivo santista Bancada das
Sereias. Para a escritora, professora e pesquisadora da
Uerj Leda Costa, “a contratação de Robinho foi desfeita
em grande parte por pressão dos patrocinadores e das
diversas vozes que se levantaram contra aquilo que se-
ria um dos capítulos mais tristes da história do futebol
brasileiro”. Houve, é claro, aqui e ali, opiniões dissonan-
tes, atreladas ao passado, mas foram poucas e nascidas
de onde se esperava que viessem. “Os dirigentes não
aguentaram a pressão dos patrocinadores, que estavam
mesmo atrás de aparecer na mídia. Eles erraram feio ao
suspender o contrato do Robinho. Nessa hora a gente vê
quem é amigo de verdade”, lamentou Wagner Ribeiro,
ex-agente do jogador.

Tudo somado, os dirigentes san-
tistas tomaram a estrada correta ao
ser apresentados à encruzilhada.
As empresas já entenderam o peso
da reputação — sabem que ela vale
dinheiro — e a importância da ade-
são a grandes causas. E não se trata
de oportunismo, apenas de adequa-
ção a novos momentos da civiliza-
ção. O futebol, contudo, parece ainda
estar na infância desse processo, en-
gatinha lentamente. Em 2014, quan-
do era presidente do Flamengo,
Eduardo Bandeira de Mello tentou a
contratação de Robinho, que defen-
dia o Guangzhou Evergrande, da
China, mas as negociações não avan-
çaram por questões financeiras. “Ho-
je, jamais o contrataria. Primeira-
mente, em respeito às mulheres. Mas
obviamente também levaria em con-
sideração a questão patrimonial, a
proteção à marca do clube”, diz o ex-
-presidente rubro-negro. O Santos
deu a boa resposta, ainda que tardia.
Robinho, contudo, parece caminhar
longe da realidade — embora tenha o
direito de se defender, até que a deci-

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